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Unctad prevê que produção mundial deve chegar a quase 3% em 2014 BR

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Unctad prevê que produção mundial deve chegar a quase 3% em 2014

Relatório diz que aumento da América Latina e no Caribe será bem menor; Ásia continuará na liderança com crescimento de 5,5%.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*

A Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento, Unctad, prevê que o crescimento da produção mundial será de 2,7% em 2014. O resultado corresponde a um aumento de 0,4% em relação ao ano passado.

A informação foi publicada esta quarta-feira, no relatório da agência sobre Comércio e Desenvolvimento de 2014, divulgado em Genebra.

Crise

A América Latina e o Caribe devem crescer 1,9% depois dos 2,6% registrados no ano passado.

Economias como Brasil, Argentina e México influenciaram a desaceleração de cerca de 2% na América Latina. É que a demanda interna, tido como principal motor de crescimento dos países durante a crise global, perdeu força.

Segundo cálculos da Unctad, o Brasil terá um crescimento da produção de 1,3% em 2014 após os 2,5% do ano passado. Em média, o crescimento anual do Produto Interno Bruto, PIB, na região deve ser de 2,9% entre 2015 e 2019, e 3% entre 2020 e 2024.

Mudanças

A agência recomenda uma mudança nas políticas econômicas dos países ricos e pobres para estimular o crescimento e evitar um ressurgimento dos problemas que causaram a recente crise financeira.

Aos governos dos países industrializados, a Unctad pede um aumento dos gastos em sistemas de apoio social, formação profissional e criação de emprego, além de projetos de infraestrutura, como estradas e escolas.

China

A previsão é que a Ásia continue a ser a região mais dinâmica, com uma expansão em torno de 5,5%. A China deve continuar na liderança com uma taxa de crescimento de cerca de 7,5%.

A expansão da produção na África será de 3,9% depois dos 3,5% de 2013. Angola e Moçambique estão entre as várias economias africanas que, por terem alcançado altas taxas de crescimento, devem ditar uma expansão de 6% do crescimento da África Subsaariana.

Incerteza

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No geral, a Unctad diz que o crescimento do continente é marcado por contrastes. O norte da África deve continuar fraco devido à incerteza política e às perturbações na produção de petróleo.

A expansão ficou em 2% na África do Sul, o país mais desenvolvido do continente, devido ao enfraquecimento da demanda interna e às greves no setor mineiro.

O relatório considera que o comércio internacional ainda é pequeno, seis anos depois do início da crise financeira global. O volume do comércio de mercadorias aumentou cerca de 2% em 2012, em 2013 e nos primeiros meses de 2014, estando abaixo do crescimento da produção global.

Quanto aos mais desenvolvidos a Unctad prevê uma expansão em torno de 1,5% a 2% em 2014, apesar de algumas diferenças nas suas posições políticas. Os Estados Unidos devem expandir 1,4%, enquanto a União europeia, 1,6%.

A agência admite um possível retorno do PIB do bloco europeu ao nível pré-crise de 2007. Quanto ao comércio internacional, a Unctad alerta que continua fraco, mas aponta uma recuperação desde o último trimestre de 2013.

Bancos

O Brasil é citado também pela utilização de regulamentos financeiros para influenciar maior fluxo de capital.

O documento menciona ainda a forte rede de bancos de desenvolvimento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social, com empréstimos e investimentos do patrimônio das empresas, bem como a realização de repasse a outros bancos de desenvolvimento.

O Timor-Leste é destacado pela decisão de publicar todos os seus contratos com empresas. Brasil e Moçambique estão entre as nações onde ocorrem discussões entre diferentes atores para a reforma dos regimes fiscais e de propriedade no setor.

A Unctad mostra que a diferença entre vários países desenvolvidos e em desenvolvimento, em termos de peso das receitas públicas no PIB, tem diminuído ao longo das últimas duas décadas.

O resultado se deve à crescente mobilização de recursos internos na maioria das economias em desenvolvimento e em transição.

*Apresentação: Edgard Júnior.