Receios de baixa produção com efeitos do El Niño no hemisfério Norte

FAO realça aumento de chuvas, da secura do ar e de calor até o próximo ano; Sistema Global de Informação e Alerta Antecipado da agência indica até 80% de probabilidade da ocorrência do fenómeno.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização da ONU para Agricultura e Alimentação FAO alertou, esta terça-feira, para os possíveis impactos do fenómeno El Niño sobre a produção agrícola no hemisfério Norte.
O Sistema Global de Informação e Alerta Antecipado da agência anunciou que podem ocorrer mudanças nas condições climáticas entre 2014 e 2015. As consequências na área são o aumento de chuvas, da secura do ar e do calor.
Alterações
A probabilidade do fenómeno ocorrer é de 70% durante o verão e 80% no outono ou inverno no hemisfério Norte.
A preocupação com a produção existe apesar de a entidade reconhecer que não há nenhuma relação em termos de quantidade entre um episódio do El Niño e as alterações na agricultura.
Conforme o comunicado, o efeito sobre o setor vai depender do tempo e da gravidade do fenómeno, bem como do calendário da colheita de uma determinada região.
Fenómeno Periódico
O alerta segue-se a um aumento da temperatura da superfície do mar na região equatorial nos últimos meses.
O fenómeno climático periódico ocorre aproximadamente a cada dois e sete anos num período que pode durar entre 12 e 18 meses.
Efeitos em África
Entre os vários exemplos para ilustrar os efeitos do El Niño, a FAO cita a África Austral e a maior probabilidade de chuvas abaixo do normal durante outubro e março, a principal estação chuvosa. A agência salienta problemas na vegetação que limitam o desenvolvimento das culturas com potencial impacto nos rendimentos.
Na África Ocidental, ocorrem chuvas acima do normal que podem interromper as colheitas na época principal, que vai deste outubro a novembro, aliadas ao potencial de cheias.
Foi também apontada a tendência de chuvas mais intensas na América Latina, incluindo as principais áreas de cultivo de cereais em regiões como o sul do Brasil e nos vizinhos Argentina e Uruguai.