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África tem 57 milhões de rapazes e raparigas fora do ensino, diz estudo

Foto: ONU/Marco Dormino

África tem 57 milhões de rapazes e raparigas fora do ensino, diz estudo

Unicef e Unesco querem atuação em medidas para reforçar investimento no ensino básico; Cabo Verde com gasto cinco vezes superior ao da média da África Ocidental na educação primária por aluno.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cerca de 57 milhões de rapazes e raparigas em idade pré-escolar estão fora do ensino no continente africano, revela uma pesquisa de agências das Nações Unidas lançada esta segunda-feira.

O estudo intitulado Iniciativa Global das Crianças Fora da Escola aponta para 69 milhões de adolescentes africanos a não frequentar o nível secundário.

Conflitos e Pobreza

Grande parte das crianças fora da escola vive em países afetados por conflitos, com metade a viver na África Subsaariana. As raparigas compõem mais de 50%.

O estudo revela ainda que maior parte das crianças são de famílias pobres, de áreas rurais e provenientes de grupos étnicos minoritários.

Por outro lado, estão várias crianças que convivem com deficiências ou são obrigadas a trabalhar para ajudar as suas famílias.

Lusófonos

Em relação aos lusófonos do continente, Angola destaca-se pelo avanço no acesso ao ensino, com mais de sete milhões de crianças e estudantes matriculados em comparação a 1,7 milhões registados em 2002.

No ensino primário, foi registado um aumento de 2,6 milhões de crianças angolanas na escola. Desde 2003, o país teve mais de 2,5 milhões de pessoas alfabetizadas.

Fundação Cabo-Verdiana

Cabo Verde é destacado no documento pelo gasto de US$ 504 da sua despesa por aluno da escola primária, um valor que supera a média regional de US$ 98.

O estudo destaca ainda a criação de uma fundação cabo-verdiana para gerir vários programas com recursos provenientes do setor público e privado, com vista a cobrir os custos escolares.

Estes incluem material com destaque para livros, uniformes, transporte e alimentação para os estudantes das famílias mais vulneráveis.

Moçambique

Quanto a Moçambique, o estudo aponta que mais de metade das despesas de educação vai para o nível primário. Entretanto, as meninas são menos propensas do que os rapazes para avançar para o ensino secundário.

Apesar de ter políticas nacionais estimuladoras com “potencial positivo”, como bolsas e refeições gratuitas para o grupo, o relatório realça preocupações com a velocidade da sua implementação. Na década, o país registou melhorias nas taxas de transição do ensino primário para o secundário de 42 % para 57%.

Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe

Na Guiné-Bissau, mais de metade das crianças que frequenta a escola primária abandona o nível antes do último grau.

Juntamente com São Tomé e Príncipe, o país faz parte das sete nações da África Ocidental onde mais de metade dos professores primários não tem formação.

De acordo com o estudo, os governos devem apoiar e implementar ações para reforçar o investimento no ensino básico. As medidas também devem dotar as crianças de instrumentos para “viver uma vida significativa, produtiva e em coexistência pacífica”.

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, levaram a cabo a pesquisa que foi lançada em Dacar e em Nairobi.