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Vencedor de prémio da ONU quer escola lusófona para operar fístula

Aldo Marchesini. Foto: Rádio ONU

Vencedor de prémio da ONU quer escola lusófona para operar fístula

Cirurgião Aldo Marchesini receberá, esta quinta-feira, o Prémio de População das Nações Unidas 2014; em entrevista à Rádio ONU, ele declarou que valor será usado para comprar equipamentos para hospital moçambicano onde trabalha.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O cirurgião e padre italiano Aldo Marchesini recebe, esta quinta-feira, o Prémio de População das Nações Unidas de 2014 em Nova Iorque.

O médico, que vive há 43 anos em Moçambique, contou em entrevista exclusiva à Rádio ONU que irá usar a quantia de US$ 12,5 mil do prémio para equipar o Hospital Central de Quelimane, onde trabalha.

O galardoado refere ainda que os países lusófonos devem ter um centro para formar cirurgiões para operar a fístula. Ele opera no principal estabelecimento de saúde da província central da Zambézia.

Quelimane

“A cirurgia aprende-se só de uma maneira: fazendo. Não chega que apenas se esteja a ver ou ajudar. É preciso fazer. Um cirurgião deve ser assistido por outro mais experiente que explica, que corrige e que talvez resolva o problema no início. Depois, pouco a pouco a pessoa adquire habilidades e vai em frente sozinha. A pensar num centro que se possa constituir em Moçambique, poderia ser em Quelimane ou com outros cirurgiões de outras cidades onde confluem os casos. Aí também podiam chegar (técnicos) de outros países de língua portuguesa”, disse.

Aos 73 anos, Marchesini disse estar honrado pelos resultados da sua experiência em Moçambique, que inclui a formação de dezenas de profissionais para a cirurgia com “sete já prontos para ensinar”.

O vencedor do prémio disse que a parte monetária da distinção vai ser usada para beneficiar as pacientes. Marquesini foi por vários anos o único médico a tratar da condição, tendo recolhido fundos para o efeito e pagamento de despesas das doentes.

“O próprio documento que me mandaram estava escrito um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de US$ 12,5 mil. Vai ser usado para o serviço que estou a fazer lá em Moçambique. Ajudo muito as despesas do hospital especialmente relativas a este tipo de operação. Todo o equipamento usado durante os últimos 25 anos foi sempre comprado por mim com ofertas que tinha e depois oferecia”, contou.

Além de Aldo Marchesini, a ONG especializada em saúde materna Jhpiego conquistou o Prémio de População das Nações Unidas de 2014.

A distinção foi estabelecida pela Assembleia Geral, em 1981, para reconhecer ações proeminentes nas áreas de população e saúde.