Relatores reagem a prisões de jornalista e advogado na Suazilândia
Jurista de direitos humanos e editor-chefe da revista The Nation estão detidos há dois meses; especialistas independentes instam às autoridades a defender independência do judicial.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Quatro peritos dos direitos humanos instaram esta quinta-feira às autoridades suazis a defender a independência do poder judicial, após a prisão de um advogado e de um responsável da revista “The Nation”.
O jurista Thulani Maseko e o editor-chefe Bheki Makhubu foram presos a 17 e 18 de março passado, acusados de desacato ao tribunal pela publicação de artigos. Nas matérias são questionadas as circunstâncias e os fundamentos de um processo pendente no Tribunal Supremo do país.
Liberdades
Após condenar as detenções, os relatores mostraram-se preocupados com a possibilidade de as detenções estarem diretamente relacionadas ao seu exercício legítimo do direito à liberdade de expressão.
Na nota, os especialistas lembram que a Constituição da Suazilândia reconhece os direitos à liberdade de expressão e ao julgamento justo.
Os especialistas destacam que depois de um procedimento sumário na justiça ambos foram detidos e ficaram durante sete dias sem comparecer a qualquer audiência pública, como preveem as leis do país.
Audiência Privada
Maseko e Makhubu foram libertados a 6 de abril depois de uma sentença do Supremo que anulou o mandado inicial para a sua detenção como inconstitucional, ilegal e irregular.
Mas foram novamente presos após um recurso do chefe da justiça para anular a sentença. Durante os últimos dois meses continuaram detidos na capital da Suazilândia.
Agências noticiosas locais disseram que após longas horas de espera fora duma sala do órgão, familiares e apoiantes foram informados que uma audiência privada já tinha tido lugar na câmara do chefe de justiça.
Obrigações
Os especialistas instam às autoridades suazis a defender a independência do poder judicial e a garantir a condução de processos de forma justa e de acordo com as obrigações internacionais de direitos humanos.
Os signatários do apelo foram os relatores da ONU para as áreas de Liberdade de Expressão, Defensores dos Direitos Humanos, Prisões Arbitrárias e Independência do Judicial.