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China regista dezenas de prisões relacionadas aos 25 anos de Tiananmen

Navi Pillay. Foto: ONU/Sarah Fretwell

China regista dezenas de prisões relacionadas aos 25 anos de Tiananmen

Detenções estão a ocorrer em encontros privados para relembrar as manifestações de 1989 na praça de Pequim; chefe dos Direitos Humanos da ONU diz que grupo inclui ativistas, advogados e jornalistas; apelo é para que haja “busca da verdade” sobre as manifestações.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos manifestou preocupação com a detenção de “numerosos membros da sociedade civil” chinesa nas vésperas dos 25 anos dos protestos na Praça de Tiananmen.

Em nota, divulgada esta terça-feira, Navi Pillay cita dezenas de ativistas, advogados e jornalistas alegadamente presos pelas autoridades antes de se assinalar o aniversário dos eventos de 4 de junho de 1989.

Discussão

Pillay disse que o grupo inclui vários acusados de “criar perturbação” por terem participado numa discussão privada sobre os acontecimentos.

A responsável mencionou relatos a apontar que os mortos variam de centenas aos milhares durante as manifestações na praça do centro de Pequim, que significa “porta da paz celestial”.

Investigação

Para ela, há muito que continua a ser desconhecido sobre o que exatamente se passou entre 3 e 4 de junho. Pillay considerou que falta uma investigação independente e factual, ao lembrar que muitas famílias das vítimas aguardam uma explicação sobre o que aconteceu com os entes queridos.

A chefe dos direitos Humanos da ONU apela às autoridades chinesas que libertem imediatamente aos que foram detidos durante o “exercício do direito humano à liberdade de expressão”.

A nota destaca também relatos da imposição de restrições em torno do aniversário para as redes sociais, meios de comunicação tradicionais e uso da internet.

Diálogo

Para Pillay ao contrário da repressão “as autoridades devem incentivar e facilitar o diálogo e a discussão, como forma de superar o legado”.

A responsável destaca a importância de um processo de busca da verdade ao explicar que é do interesse de todos que se estabelecem os fatos em torno dos incidentes da Praça de Tiananmen.

Ao destacar avanços nos direitos económicos, sociais e nas reformas legais na China, Pillay disse que aprender com os acontecimentos do passado não vai diminuir os ganhos do país dos últimos 25 anos. Para ela, tal demonstraria o quanto a China tem vindo a garantir que “os direitos humanos sejam respeitados e protegidos”.