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Estudo propõe atenção psicossocial para vítimas de conflito sul-sudanês

Estudo propõe atenção psicossocial para vítimas de conflito sul-sudanês

OIM destaca exposição de 1 milhão de deslocados ao desgaste físico e emocional; pesquisador defende que impacto negativo dos confrontos sobre as comunidades podem levar a mais conflitos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Uma pesquisa sobre as necessidades psicossociais e recursos no Sudão do Sul destaca a grave preocupação com a proteção e a saúde mental dos deslocados.

O documento lançado esta quarta-feira realça que após o início do conflito entre o governo e os rebeldes, em dezembro, o país está a lidar com um sistema de saúde deficiente.

Desgaste

A Organização Internacional para Migrações, OIM, estima que mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas e expostas a um enorme desgaste físico e emocional no Sudão do Sul.

A avaliação da agência envolveu entrevistas a 192 pessoas em busca de proteção no complexo da ONU na área nortenha de Bor. Em todo o país, as instalações da organização chegaram a albergar cerca de 85 mil pessoas devido aos confrontos.

A agência revela que líderes comunitários e agentes humanitários também foram envolvidos nos debates.

Emoções Negativas

Foi pedido aos participantes para identificar os seus sentimentos principais. Mais de 80% das pessoas revelaram emoções negativas, incluindo medos e preocupações. Há registos de sensações de mal-estar emocional, de incerteza e de confusão sobre o futuro.

O responsável médico da OIM disse que o impacto emocional devido ao conflito nas pessoas e famílias é muitas vezes esquecido.

Para Haley West, o não-atendimento às necessidades psicossociais pode ter um impacto negativo sobre as comunidades, além de ser um fator de conflito no futuro.

Bem-estar

A agência defende ainda a necessidade urgente de dar mais atenção ao apoio psicossocial em locais de deslocamento, ao sugerir ações que promovam o bem-estar a nível pessoal, familiar e comunitário.

Entre elas, está o apoio às atividades de promoção da resiliência como serviços religiosos e atividades de recreação para crianças, adolescentes e adultos. A proposta inclui a formação de assistentes sociais em aconselhamento nas comunidades.

A agência disse que prevê financiar uma iniciativa de apoio psicossocial de base comunitária em Bor e em vários locais do Sudão do Sul.