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Moçambique festeja 8 de março sob o lema "Mulheres Inspirando Mudanças"

Moçambique festeja 8 de março sob o lema "Mulheres Inspirando Mudanças"

ONU Mulheres afirma que igualdade e empoderamento são prioridades absolutas para a organização que dirige;  país ocupa a 14ª posição global em termos de representação política feminina no parlamento.

Ouri Pota, Rádio ONU em Maputo.

Moçambique celebra o Dia Internacional da Mulher, neste 8 de março, sob o lema Mulheres Inspirando Mudanças.

A Rádio ONU, em Maputo, ouviu homenageadas de vários setores sobre o que deve mudar para que esta tenha maior dignidade.

Atenção e Reflexão

Para a representante da ONU Mulheres em Moçambique, Valéria de Campos Mello, a data deve chamar atenção e ajudar a refletir sobre a igualdade do género além da necessidade de incluir o assunto no topo da agenda política.

“Nosso lema nossa mensagem é que a igualdade das mulheres na verdade significa progresso para todos. Ela traz benefícios económicos, ela traz benefícios em termos de uma sociedade mais coerente, mas justa, mais democrática, mas sólida, ela traz comunidades mais unidas, então é um benefício para toda humanidade. Então essa é a mensagem que queremos trazer”.

Direitos

A representante também enumerou os desafios para a mulher moçambicana com vista a que esta possa usufruir os seus direitos.

“A mulher moçambicana infelizmente na sua maioria ainda é uma mulher que sofre muita descriminação, é mais pobre, é mais vulnerável, enfrenta desafios desde menina, desde pequena no acesso a educação, saúde, em questões como casamento forcado, casamento precoce em seguida em termos de acesso ao mercado, na igualdade em remuneração e depois para que sua opinião seja levada em consideração nos meios de tomada de decisão”.

A comunicadora da Rádio Moçambique, Fárida Costa, considera que ser mulher no país vem acompanhado do que chama de responsabilidade de educar a nação.

Desafios

Fárida Costa. Foto: Ouri Pota. “Uma das coisas muito importantes é que a mulher tem que educar uma nação. Quando digo educar uma nação é que a cada pessoa que nos educamos, nos estamos a contribuir para esta nação, então ser mulher em Moçambique significa ter muita responsabilidade. Um dos desafios é a mulher conseguir chegar no topo em estrutura de decisão, parecendo que não, mas isso é verdade, as mulheres tem outra sensibilidade de tomar decisão.”

Já a pianista moçambicana Melita Matsinhe associa o estatuto da mulher local tanto ao sofrimento como à felicidade.

“Vivemos numa sociedade patriarcal um pouco machista em que muitas das vezes os nossos direitos e as nossas obrigações são determinados segundo as necessidades e interesses dos homens. E nesse contexto nem sempre o que é melhor para nos é tida em consideração é por isso que eu associo o ser mulher com sofrer. Temos visto várias situações em que as mulheres não estão a vontade na pele que elas vestem porque a vida não gira ao redor delas, mas ao redor de princípios já definidos segundo interesses masculinos”.

Deficientes

Questionada sobre a prioridade dos direitos da mulher para os vários desafios, a presidente da Associação dos Deficientes de Moçambique, Fárida Gulamo, Ademo, e a pianista moçambicana Melita Matsinhe defendem que o elemento chave é a o acesso à formação.

“Uma mulher que vá a escola e estude e comente o seu nível de conhecimento científico contribui bastante para que ela possa ter uma outra visão das coisas e possa em pé de igualdade discutir e mostrar os eu ponto de vista. O maior desafio é o direito de informação e a formação, porque a pessoa fica empoderada, tanto homem como a mulher pode tomar decisões que seja mais sábias, mais conscientes segundo os seus interesses e da sua comunidade”.

Parlamento

Apesar dos desafios , Campos Melo frisou que Moçambique está no bom caminho. Como exemplo citou a participação das mulheres no parlamento. Recentemente, o país foi colocado em 14º lugar no ranking da representação política das mulheres no órgão.

Desafios desde menina. Foto: UN Photos. Rapariga

“Moçambique está em décimo quarto lugar no mundo, por exemplo, a França está na posição 47 e o Brasil que é meu pais de origem apesar de ter uma presidenta mulher esta na posição 124. Então nessa área da representação política das mulheres no parlamento o pais obteve resultados excelente. Então nesse momento eleitoral qual a reflexão necessária para que esse resultado se mantém e para que ele até venha a ser melhorado?”

Numa mensagem para o Dia Internacional da Mulher, a subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres disse que o século 21 deve ser diferente para cada mulher e rapariga no mundo.

Para Phumzile Mlambo-Ngcuka  é importante saber que o nascer de uma menina não é o início de uma vida de dificuldades e de desvantagens.