África perdeu 22 mil elefantes no ano passado, refere a Cities
Continente pode perder um quinto de animais da espécie na próxima década; na África Central, caça ilegal é duas vezes maior que a média africana.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque. *
Cerca de 22 mil elefantes foram abatidos ilegalmente no continente africano em 2012.
A informação foi dada, esta segunda-feira, pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora, Cities. A caça ilegal de elefantes e o tráfico de marfim são debatidos numa reunião que decorre no Botsuana, até esta quarta-feira.
Tráfico
Numa análise à situação dos mamíferos, a entidade refere que o tráfico ilegal de marfim aumentou 20% em relação ao pico de 2011.
Em entrevista à Rádio ONU, de Genebra, o especialista da Cites, Marcos Silva, falou das motivações para o tipo de comércio.
“A situação está ficando catastrófica. São vários fatores responsáveis por essa situação. São problemas sociais e políticos que a região tem, que faz um pouco o policiamento ser muito difícil. Segundo são máfias organizadas, que estão entrando no comércio, porque o preço do marfim está muito alto. E terceiro são os problemas políticos, com bandos de guerrilheiros que vendem o marfim em troca de armamentos.”
Países africanos como a Tanzânia e o Quénia são os pontos de saída do material, que segue via Malásia, Vietname e Hong Kong tendo frequentemente como destino final a China e a Tailândia.
Animais Mortos
Nos 27 países do continente que foram incluídos na Monitorização de Mortes Ilegais de Elefantes, denominado “Mike”, são destacados 15 mil animais mortos.
O estudo revela que a caça ilegal pode fazer com que o continente perca 20% dos seus elefantes na próxima década.
África Central
O secretário-geral da Cites, John Scanlon, considerou “a situação é crítica e pode levar à extinção local da espécie”, caso as mortes continuem no ritmo atual. A situação é tida como mais séria na África Central, onde a caça ilegal é duas vezes maior que a média do continente.
A população de elefantes africanos é de cerca de 500 mil animais, que estão em risco caso a tendência continue. Os altos índices de caça ilegal têm como motivação o tráfico de marfim.
Dados preliminares sugerem que somente este ano, as apreensões em larga escala, com pelo menos 500 kg de marfim numa única transação, já representam a maior quantidade confiscada nos últimos 25 anos.
A apreensão em grande escala geralmente indica a participação do crime organizado e até o momento, em 18 casos de confisco renderam 41,6 toneladas de marfim este ano.
*Apresentação: Eleutério Guevane.