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Relatório expõe ameaças do crime organizado na África Oriental

Relatório expõe ameaças do crime organizado na África Oriental

Moçambique citado como corredor de drogas e do comércio ilegal de fauna; pelo menos 100 mil pessoas foram traficadas a partir da região, somente no ano passado.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

As drogas constituem uma fonte de comércio ilícito cada vez mais lucrativo na África Oriental, aponta um relatório lançado, esta quarta-feira, pelas Nações Unidas.

O Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, indica que até 22 toneladas de heroína são traficadas, anualmente, tendo a região como destino ou ponto de trânsito. O consumo local ronda os cerca de US$ 160 milhões por ano.

Ameaça

O estudo “Criminalidade Organizada Transnacional na África Oriental: Uma Avaliação da Ameaça”, cita a apreensão de 211kg de heroína em Lindi, perto da fronteira entre a Tanzânia e Moçambique, no início de 2012.

A droga era transportada por via terrestre para os mercados tanzanianos, do Quénia e da África do Sul. Cerca de 600kg de ácido N-acetilantranílico, usado para produzir a metaqualona, também conhecida como “mandrax”, foram capturados pelas autoridades, após suspeitas de que o produto se tratava de heroína.

Aeroporto de Maputo

Moçambique também é citado no documento pela apreensão de sete chifres de rinoceronte a partir da bagagem de um cidadão vietnamita no Aeroporto Internacional de Maputo em maio de 2012. O passageiro tentava embarcar num voo da companhia Kenya Airways.

A caça ilegal de marfim na África Oriental resulta em mais de 154 toneladas carregadas anualmente, que levaram a um adicional de US$ 30 milhões em receita ilícita apenas dos mercados asiáticos.

Redes Criminosas

O documento aborda também o tráfico humano, com o contrabando de mais de 100 mil pessoas para fora da região.

Somente no ano passado, a atividade gerou mais de US$ 15 milhões para redes criminosas organizadas que operam na travessia marítima do Corno de África.

Cooperação

Um outro aspeto realçado no relatório é que ao longo deste ano não ocorreram sequestros bem-sucedidos em troca de resgates na região da Somália.

Para o Unodc, o “progresso notável demonstra que até mesmo os maiores problemas de criminalidade podem ser combatidos através da cooperação internacional.”

Em 2011, os piratas somalis provocaram prejuízos na ordem dos US$ 150 milhões, equivalente a quase 15% do Produto Interno Bruto do país.