Mais de 6 mil nigerianos fogem do país devido à ofensiva contra milícias
Acnur fala de famílias de deslocados a viver debaixo de árvores nas áreas fronteiriças com o Níger; insegurança é um dos fatores que impedem a presença da agência nas regiões de conflito.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Mais de 6 mil pessoas fugiram da Nigéria para os países vizinhos devido a receios de serem afetadas pela ofensiva do exército contra insurgentes do grupo de milícias Boko Haram.
O Alto Comissariado para Refugiados, Acnur, sublinhou que a maioria é composta por mulheres, crianças e velhos provenientes da área de Baga, situada próximo da fronteira com o Níger, no norte.
Pressão
Falando, esta terça-feira, em Genebra, o porta-voz da agência, Adrian Edwards, disse que as áreas de chegada são marcadas pela pressão de recursos como água e alimentos. O exemplo é o maior destino de deslocados, o Níger, onde as populações locais carecem de alimentos.
O porta-voz referiu que o aumento dos preços das matérias-primas, aliado à já existente insegurança alimentar tornam-se uma grande preocupação.
Debaixo de Árvores
Segundo acrescentou, os recém-chegados ficam em casas alugadas ou com as famílias de acolhimento, tendo afirmado haver aldeias onde o pessoal do Acnur manteve contacto com famílias nigerianas a viver debaixo de árvores.
Além do Níger, que acolhe mais de 2,6 mil nigerianos e 3,6 mil de outras nacionalidades, a população desalojada segue para os Camarões e o Chade.
Estado de Emergência
O presidente nigeriano Goodluck Jonathan autorizou o início à ofensiva, há três semanas, quando declarou emergência nos estados de Borno, Yobo e Adamawa.
A agência não está presente nas regiões devido a insegurança e à existência de informação limitada sobre a situação humanitária e dos desalojados.
De acordo com o Acnur, vários recém-chegados ao Níger teriam mencionado o aumento da presença de bandidos armados que operam em vários estados nigerianos.