Na ONU, Comitê pede maior proteção de jornalistas em todo o mundo
Ao todo, morreram 70 profissionais no ano passado; números levaram ONG a criar “lista de risco” com 20 países; Síria aparece no topo seguida por Somália, Paquistão e Brasil.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
O ano de 2012 foi o mais violento para os profissionais de mídia e imprensa desde 1990. A constatação é de um relatório do Comitê para Proteção de Jornalistas, divulgado na sede da ONU, nesta quinta-feira.
Ao todo, foram mortos 70 jornalistas, 46% por assassinatos. Os números levaram o Comitê a criar uma nova ferramenta para medir os níveis de violência, batizada de “lista de risco.”
Grandes Democracias
A relação inclui países considerados “repressores” à liberdade de imprensa e expressão, mas também grandes democracias como Brasil e Índia.
O Brasil foi incluído após registrar, no ano passado, quatro assassinatos de jornalistas. A presença do país na relação surpreendeu até mesmo o vice-diretor da ONG, Robert Mahoney.
Mahoney disse que apesar do que ele chamou de aumento da liderança global do Brasil, jornalistas estão sendo alvejados no país. Ele lembrou que o Brasil é um dos BRICs, um país importante e que vai sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Segundo ele, não deveria haver jornalistas morrendo ali por causa do teor de suas reportagens.
De acordo com a ONG, os jornalistas mortos foram Mário Randolfo Marques Lopes, Décio Sá, Valério Luiz de Oliveira e Eduardo Carvalho. Todos tiveram o motivo do assassinato confirmado. O Comitê também citou o caso de Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, morto em fevereiro passado, em Ponta Porá, mas ainda sem motivo aparente.
Conflitos e Guerras
No topo da lista de risco em 2012, aparece a Síria com 28 mortes, seguida pela Somália com 12, Paquistão com sete e Brasil com quatro assassinatos de jornalistas. A Índia ficou em 5º lugar com dois homicídios, no ano passado.
Apesar da violência de conflitos e guerras, somente 28% dos profissionais morrem nessas circunstâncias. De acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas, a maioria das mortes, em 2012, ocorreu como assassinatos. Geralmente de jornalistas, blogueiros, free lances que são ameaçados pelo conteúdo das matérias que escrevem.
Sudão do Sul
A lista de risco foi compilada, segundo o Comitê, para alertar e ajudar a evitar uma “possibilidade de piora da segurança para jornalistas.” O relatório diz que há sinais de impunidade para autores de crimes contra profissionais da mídia e da imprensa na maioria dos casos.
A segurança de quem trabalha levando informação é umas prioridades da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
Antes mesmo da divulgação do documento, o Sudão do Sul anunciou que irá adotar a iniciativa da ONU para criar um ambiente de segurança a profissionais da mídia e da imprensa.
Pelo projeto, o Sudão do Sul também se comprometeu com a proteção de mulheres que fazem jornalismo por causa de alegações de casos de assédio às profissionais do setor no país africano.