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ONU abre investigação sobre uso de aviões de combate não tripulados BR

ONU abre investigação sobre uso de aviões de combate não tripulados

Relator especial das Nações Unidas quer saber qual é o impacto sobre população civil e as implicações nos direitos humanos; pedido de investigação foi feito por vários países.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

A ONU iniciou investigação sobre o uso dos aviões de combate não tripulados para ataques e assassinatos de alvos específicos.

O relator especial das Nações Unidas sobre contraterrorismo e direitos humanos, Ben Emmerson, fez o comunicado, esta quinta-feira, em Londres.

Impacto

Segundo Emmerson, o objetivo é saber o impacto desses ataques na população civil. Como também, as implicações nos direitos humanos no uso dos aviões não tripulados e outras formas dos chamados, assassinatos específicos, nas operações de contraterrorismo e contrainsurgência.

O relator afirmou que o uso dessa tecnologia representa um desafio ao Direito Internacional. Ao mesmo tempo, reconheceu que o uso dos aparelhos é uma realidade que chegou para ficar.

Emmerson defendeu a necessidade da implementação de uma estrutura operacional e legal para regular o uso dos aviões. Tudo isso, de acordo com as determinações da legislação internacional, incluindo os direitos humanos, humanitários e de refugiados.

Teorias

O relator explicou que atualmente existem três teorias para o uso dos aviões não tripulados. Uma delas considera a ação ilegal.

A outra, segundo Emmerson, é justificada pelos Estados Unidos, que dizem que as democracias ocidentais estão lutando contra um inimigo sem fronteiras e por isso é válida.

Mas, no comunicado, o relator diz que essa análise é contestada por vários países e pelos advogados fora dos Estados Unidos.

Terroristas

E a terceira teoria, segundo Emmerson, inclui uma análise para saber se os terroristas estão envolvidos em conflitos internos no país.

Nesse caso, o relator explicou que o ataque é consentido se for aprovado pelo governo local, mas discute-se a legalidade de uma ação unilateral de uma terceira nação.

Ele afirmou que o foco da investigação da ONU será em 25 casos que ocorreram no Afeganistão, no Iêmen, no Paquistão, na Somália e nos Territórios Palestinos.

Processo

O processo será dividido em três partes. Segundo Emmerson, a primeira fase, que terminará em maio, vai envolver a coleta de provas. A segunda, que deve durar até Julho, será de consultas com todos os países citados inicialmente.

E na última fase, Emmerson fará um relatório final, com suas conclusões e recomendações, que será entregue à Assembléia Geral da ONU, em outubro.