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“Treinamento para jornalistas em zonas de conflito é crucial” BR

“Treinamento para jornalistas em zonas de conflito é crucial”

Declaração é do correspondente Andrei Netto, que ficou oito dias preso durante cobertura na Líbia, no ano passado; ele participa na ONU de debate sobre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Foram oito dias preso nas mãos das forças leais ao ex-líder da Líbia, Muammar Kadaffi, no ano passado. Enquanto cobria os conflitos no país árabe, o correspondente do jornal O Estado de S. Paulo foi sequestrado.

Participando de debate na ONU sobre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, neste 3 de maio, Andrei Netto garante: um treinamento que recebeu há 10 anos foi crucial durante o sequestro.

Reações

“Por ter o treinamento, eu tive a calma necessária para lidar com aquela situação, para entender que todas as ameaças que eles faziam era parte de uma estratégia de nos amedrontar, de nos intimidar. E isso me fazia reagir de determinadas maneiras: eu silenciava, eu acatava as ordens, eu não reagia. Talvez se eu não tivesse esse treinamento, talvez a reação tivesse sido diferente, uma reação de desespero.”

Andrei Netto afirma que treinamentos para jornalistas que cobrem regiões em conflito podem fazer a diferença entre viver e morrer. Correspondente em Paris, o jornalista traz para a ONU uma mensagem de advertência:

Livro

“Para se lembrar do quanto os jornalistas têm sido alvo de violência, em especial durante a Primavera Árabe. Acho que é sempre útil lembrar a comunidade internacional do papel que a imprensa tem nesses conflitos, da importância de levar à opinião pública internacional a informação precisa e independente à respeito do que se passa nesses países. E sobretudo para os jornalistas, levar uma mensagem de advertência sobre os riscos que nós estamos sujeitos a esse tipo de cobertura em ambientes hostis.”

A experiência de Andrei Netto na Líbia vai render um livro, que será lançado no segundo semestre deste ano.

Segundo a Unesco, 372 jornalistas foram assassinados nos últimos cinco anos.  A maioria morreu em locais de conflito ou foram silenciados por cobrir casos de corrupção.