OMS aumenta controle sobre consumo de tabaco na África (Português Brasil)

O plano de ação do órgão prevê a criação de um centro regional de excelência para apoiar o desenvolvimento da capacidade dos países a resistirem ao alastramento do uso do produto; mais de 8 milhões de pessoas por ano poderão morrer dos efeitos do tabaco em 2030.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova York*.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou nesta sexta-feira que vai apertar o controle sobre o consumo do tabaco na África. O objetivo é evitar que o uso no continente torne-se tão forte como em outras regiões do mundo.

Um novo programa lançado pela agência da ONU vai reforçar a capacidade dos países para implementarem a Convenção Quadro da OMS sobre o Controle do Tabaco. Trata-se de um tratado internacional que guia os esforços nacionais no combate à epidemia de fumo.

Capacidade

O plano de ação do órgão prevê ainda a criação de um centro regional de excelência para apoiar o desenvolvimento da capacidade dos países a resistirem ao alastramento do uso do produto.

O diretor-geral assistente da OMS para Doenças Não-Transmissíveis e Saúde Mental, Ala Alwan, disse que o consumo de cigarros é a principal causa evitável de doenças e mortes no mundo, matando mais de 5 milhões de pessoas todos os anos.

Ele referiu que mais de 8 milhões de pessoas por ano poderão morrer dos efeitos do tabaco em 2030 se medidas enérgicas de controle não forem adotadas. Mais de 80% dessas mortes vão ocorrer em países em desenvolvimento.

Segundo a OMS, o uso do tabaco é mais do que um problema de saúde pública na África. Trata-se também de uma questão de desenvolvimento já que o consumo de cigarros aumenta a pobreza, matando as pessoas na idade mais produtiva.

O representante da agência das Nações Unidas em Moçambique, El Hadi Benzeroug, disse à Rádio ONU, de Maputo, que o tabagismo tem um impacto muito forte na economia e saúde pública do continente.

Esforços

"O consumo do tabaco está a crescer muito. Sabemos que esforços de controle do uso do tabaco na Europa e América do Norte obrigaram as grandes empresas do ramo a virarem os seus negócios para países em vias de desenvolvimento, particularmente no continente africano. Esta iniciativa da OMS tem de reforçar a resposta ao nível da região africana para travar esta nova epidemia ligada ao consumo de cigarros", afirmou.

O programa da OMS será financiado parcialmente com uma doação de US$ 10 milhões, cerca de R$ 17 milhões da Fundação Bill e Melinda Gates. É a maior ajuda já recebida pela agência para combater o uso do tabaco na África.

*Apresentação: Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.