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Série Mudança Climática (África)

Série Mudança Climática (África)

As mudanças climáticas vão aumentar a magnitude e a frequência dos desastres naturais. A Mãe Natureza não está à espera de uma resolução burocrática e ela não aceita correr riscos.

Neste primeiro programa de uma série sobre o assunto, a Rádio ONU observa o impacto do fenómeno da mudança climática nas nações mais pobres e vulneráveis e o que está a ser feito para combater as consequências do aquecimento global.

Os impactos são muitos e, algumas vezes, desastrosos. De acordo com o vice-director do Centro Caribenho de Mudança Climática, Carlos Fuller, o fenómeno começou mais de 100 anos atrás, quando as pessoas passaram a queimar mais carvão e combustível para suas casas, fábricas e meios de transporte.

Então, como chegamos até aqui?

Fuller afirma que o homem, ao ampliar a sua produtividade na agricultura, começou a emitir mais metano do solo. Com isso, quanto mais gases passaram a ocupar a atmosfera, o ar e a terra ficaram mais quentes.

Impactos da Mudança

Cientistas, ambientalistas e outros líderes globais reunem-se em Compenhaga, no começo de Dezembro, com o apoio das Nações Unidas, para assinar um acordo para desacelerar e evitar os impactos da mudança climática.

O secretário-executivo da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, afirma que está confiante na assinatura de um novo pacto ambicioso, transparente e flexível.

O aquecimento global tem um grande impacto em todo o mundo, mas principalmente em pequenas ilhas e em países costeiros que são vulneráveis à elevação do nível do mar.

Segundo o Painel Internacional sobre Mudança Climática, formado por mais de 200 cientistas de todo o mundo, as chuvas aumentaram significativamente na região leste da América do Norte e do Sul, no norte da Europa, e na Ásia Central. O contrário acontece na região do Sahel, na África Mediterrânea, no sul do continente e da Ásia.

Os impactos do fenómeno também não passaram despercebidos para os jovens. Claire tem 19 anos e vive em Tawara Sul, um pequeno atol localizado em Kiribati, na região central do Pacífico.

Alterações no Ambiente

Ela afirma que as tempestades são frequentes e aterrorizantes. A costa sofre com erosões, estradas são destruídas, casas são perdidas, e os alimentos são desperdiçados, com a queda das produções de mamão e de frutapão. A água no local também está sob ameaça, com o aumento da quantidade de sal nos poços.

Na década de 90, moradores e cientistas da região do Caribe começaram a notar algumas alterações no ambiente.

Ulric Trotz é o orientador científico do Centro Caribenho de Mudança Climática.

Ele afirma que há indícios de que a água do Mar do Caribe está muito mais quente e de que estamos diante de um branqueamento dos corais, o que representa um indicador de que as temperaturas no oceano estão aumentando.

Combater os Efeitos

Os pescadores são uns dos que mais sofrem com o aquecimento dos mares. Reynold Cordice pesca no Caribe há mais de 15 anos.

Ele afirma que as pedras e os corais ficam brancos com o aquecimento da água e os peixes ficam longe das margens, o que torna a pesca mais difícil.

Então, o que pode ser feito para adaptar o planeta e para combater os efeitos da mudança climática? As Ilhas Maldivas, no Oceano Índico, criaram uma iniciativa chamada "O Conceito de Ilhas Mais Seguras".

Angus Friday é o ex chefe da Aliança das Pequenas Ilhas, um organização que reúne 44 países insulares junto às Nações Unidas.

Friday explica que o que as ilhas procuram fazer através do programa é se elevarem para mais um ou dois metros acima do nível do mar. Segundo ele, as equipas já começaram o projecto na ilha de Hulhumale. Um grande trabalho de engenharia que vai custar mais de 100 milhões de dólares.

Novas Tecnologias

Países em desenvolvimento pediram com urgência às nações industrializadas que tomem medidas imediatas para financiarem novas tecnologias sustentáveis.

Países desenvolvidos argumentam que os custos altos limitam os planos de adaptação e combate à mudança climática.

O acordo que as Nações Unidas pretendem assinar em Compenhaga inclui, além de medidas de financiamento e adaptação, meios para se reduzir as emissões de carbono em todo o mundo.

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirma que é preciso assinar um pacto em Compenhaga que permita cortes profundos na quantidade de emissões, que promova o desenvolvimento sustentável e que ofereça recursos e mecanismos de adaptação para a nova realidade.

Ele lembra que a humanidade vai pagar um preço muito alto se não começar a agir agora.

Apresentação: Carlos Araújo

Produção: Donn Bobb

Direção: Michelle DuBach