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Crise económica vai ter forte impacto em África

Crise económica vai ter forte impacto em África

Relatório conjunto da ONU e UA indica que queda nos preços das matérias primas e redução no fluxo de capitais está a afectar a economia do continente; documento sugere mais investimentos na agricultura.

Carlos Araújo, da Rádio ONU, em Nova Iorque.

A crise financeira global vai ter um forte impacto sobre as economias africanas este ano.

A afirmação consta do relatório sobre a economia africana em 2009 lançado esta quinta-feira em Adis-Abeba, na Etiópia, pela Comissão Económica da ONU para África, ECA e a Comissão da União Africana.

Recessão Mundial

Segundo o documento, os efeitos da recessão mundial já causaram uma redução na procura das exportações africanas e uma queda acentuada nos preços das matérias primas.

O estudo indica que o declínio dos fluxos de capitais para o continente, incluindo ajuda, investimentos estrangeiros directos e remessas de migrantes, irá agravar os efeitos da crise.

O relatório nota que as principais nações industrializadas injectaram milhões de dólares nas suas economias para estimular a procura de bens e serviços. Apesar do forte impacto da crise, os países africanos não puderam fazer o mesmo devido à falta de recursos. O documento indica que isto vai contribuir para aumentar a pobreza no continente e dificultar ainda mais o alcance das metas do milénio.

Agricultura

A ECA e a UA pedem mais investimentos na agricultura, sector que emprega milhões de pessoas e é uma das principais fontes de rendimentos em África.

O documento afirma que a modernização da agricultura é crucial para o desenvolvimento e industrialização do continente. Também contribui para a segurança alimentar, redução da pobreza e integração dos países africanos na economia global.

O relatório indica que reformas económicas sustentáveis, o combate à inflação e esforços para revitalizar a procura doméstica poderiam contribuir para um ligeiro aumento das taxas de crescimento em alguns países de África.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, FMI, o crescimento económico na África Subsaariana deverá cair de 5,5% em 2008 para 1,5% este ano.