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Falta de alimento agrava pobreza em zonas de conflito

Falta de alimento agrava pobreza em zonas de conflito

Relatório anual do Cicv indica que a filosofia humanitária neutra e independente do órgão beneficiou vítimas de conflitos armados no mundo.

Carlos Araújo, da Rádio ONU, em Nova Iorque.

Milhões de pessoas afectadas por conflitos armados tonaram-se mais vulneráveis devido aos efeitos de desastres naturais e altos preços dos alimentos.

A afirmação consta do relatório anual do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Cicv, para 2008, lançado esta quarta-feira em Genebra, na Suiça.

Neutra e Independente

O presidente do órgão, Jakob Kellenberger, disse que a Somália, Paquistão e Afeganistão são exemplos de países onde a combinação daqueles três factores agravou ainda mais as condições de vida dos pobres.

Ele afirmou que ficou claro o ano passado que a filosofia humanitária independente e neutra do Cicv trouxe enormes benefícios para as vítimas de conflitos armados.

Kallenberger disse que ela permite ao órgão ter acesso e ajudar populações em áreas onde outras organizações são impedidas de entrar. Ele deu o exemplo do Iraque, Somália e Geórgia.

O presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha indicou que é difícil prever o impacto real da crise económica sobre pessoas já afectadas pela guerra.

Remessas

Kallenberger afirmou, porém, que o aumento do desemprego global e a queda nas remessas dos migrantes para as suas famílias em zonas de conflito poderiam exacerbar a pobreza extrema nessas áreas.

O ano passado, o Cicv distribuiu 121 mil toneladas de comida, quase o dobro do que em 2007. O número de pessoas beneficiadas também aumentou em cerca de meio milhão para quase 3 milhões.

O relatório indica também que em 2008, o órgão visitou cerca de 500 mil detidos em 83 países.