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Líder rebelde de Darfur se apresenta a tribunal de Haia BR

Líder rebelde de Darfur se apresenta a tribunal de Haia

Aparição voluntária de um dos três acusados de organizar o ataque de 2007, que matou 12 soldados de paz, foi elogiada pelo promotor Luis Moreno Ocampo.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.*

O Tribunal Penal Internacional, TPI, com sede em Haia, na Holanda, realiza nesta segunda-feira uma audiência para ouvir o depoimento de Bahar Idriss Abu Garda, um dos três acusados de organizar um ataque na província de Darfur, no Sudão, em 2007.

O atentado no acampamento de Haskenita, em Darful do Sul, matou 12 soldados das forças de paz da União Africana no Sudão, Amis.

Presidente do Sudão

A missão precedeu a Unamid, que reúne atualmente os boinas-azuis da ONU e os militares da União Africana. O ataque também deixou oito soldados feridos.

Segundo alegações, Abu Garda seria um dos três acusados de planejar o crime. A decisão dele de comparecer, de forma voluntária, ao TPI foi elogiada pelo promotor da casa, Luis Moreno Ocampo.

Para Ocampo, a aparição é uma opção que pode ser seguida também pelo presidente do Sudão, Omar Al-Bashir, caso ele escolha cooperar com o tribunal.

Conselho de Segurança

Em março, o TPI indiciou Al-Bashir, por crimes de guerra e contra a humanidade. Mas o presidente sudanês nega as acusações.

O líder rebelde Abu Garda é a primeira pessoa a responder à intimação do tribunal. O caso dos assassinatos das tropas de paz foi levado ao TPI pelo Conselho de Segurança da ONU em 2005.

Em novembro passado, o promotor Ocampo apresentou provas contra os três comandantes, que segundo ele, "planejaram e lideraram as tropas no ataque que destruiu completamente as instalações da missão, afetando a segurança de milhões de pessoas em Darfur".

Conflito

Desde 2003, a província sudanesa está vivendo um conflito entre milícias, rebeldes e tropas do governo. Pelo menos 300 mil pessoas já morreram e 2,7 milhões se tornaram deslocados internos.

O promotor do TPI afirmou que há indícios suficientes para acreditar que os três comandantes rebeldes poderão ser responsabilizados por crimes de guerra e homicídio doloso.

O líder rebelde Abu Garda deverá ser liberado logo após a audiência e está autorizado a deixar a Holanda sob a condição de retornar caso o processo se confirme.

Os nomes dos outros dois comandantes acusados continuam sob sigilo.