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Timor-Leste vive ponto mais alto da celebração dos 25 anos após o referendo

Secretário-geral da ONU, António Guterres, tem destacado o exemplo timorense na condução de um processo de manutenção da paz
ONU/Kiara Worth
Secretário-geral da ONU, António Guterres, tem destacado o exemplo timorense na condução de um processo de manutenção da paz

Timor-Leste vive ponto mais alto da celebração dos 25 anos após o referendo

Paz e segurança

Presidente José Ramos Horta falou à ONU News de orgulho dos timorenses pelos seus feitos, direitos, dignidade e autonomia decisória; cerimônias oficiais em Díli contam com intervenções do secretário-geral da ONU no Parlamento e no Estádio Municipal de Díli.

Nesta sexta-feira, a capital timorense, Díli acolhe eventos que marcam o culminar dos 25 anos após o referendo liderado pelas Nações Unidas. A consulta popular garantiu a independência formal de Timor-Leste do domínio indonésio. 

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Entre os convidados está o secretário-geral da ONU, António Guterres, que tem destacado o exemplo timorense na condução de um processo de manutenção da paz num mundo vivendo atualmente uma realidade de divisões geopolíticas.

Admiração

Antes do grande momento da celebração, o presidente José Ramos Horta falou à ONU News de um povo com muito orgulho de seus feitos, direitos, dignidade e autonomia decisória.

“É muito resiliente e muito pacífico em geral até a paciência esgotar. Aceitou rapidamente e facilmente a reconciliação nacional. Aceitou rapidamente a normalização das relações com a Indonésia. Nós nunca aceitamos aquela decisão da ONU, da Untaed na altura, de criar aqui um Serious Crimes Unit ou Panel. É o equivalente a um tribunal especial de direitos humanos. Nunca aceitamos.”

José Ramos Horta assumiu as funções de chefe de Estado primeiramente em 2012. Desde 2022, ele ocupa o cargo pela segunda vez no país em festa que adota o lema “Unidade, Ação, Progresso”.

O secretário-geral destacou a liderança do Prêmio Nobel da Paz. Ramos Horta falou de um processo de estabilização com a presença da equipe da ONU no país que foi precedida pela Missão das Nações Unidas em Timor Leste, Unamet. O processo mereceu admiração até da antiga potência ocupante.

“No meu primeiro mandato e até hoje eu decidi: vamos encerrar esse capítulo. Eu como presidente da República, não aceito essa imposição da Untaed. Esteve aqui dois anos, criou esse mecanismo de crimes graves e depois deixa tudo em cima: um país frágil e cheio de conflito. Vamos fazer o que nós temos que fazer: reconciliação nacional, porque não há anjos ou diabos. Há um povo sofrido. Houve dos mais variados crimes cometidos, mas é de parte a parte. Há uma Indonésia em transição complexa e difícil para a democracia, por isso não vamos complicar a situação. Por isso, os indonésios admiraram muito Timor”.

Referendo com participação de mais de 98% do eleitorado

Junto a Timor-Leste o mundo marca neste 30 de agosto um quarto de século do referendo que teve participação de mais de 98% do eleitorado que votou com mais de 75% decidindo pela independência.

A atual equipe da ONU foi precedida pela Administração Transitória da ONU em Timor-Leste, Untaet, a Missão das Nações Unidas de Apoio a Timor-Leste, Unmiset, o Escritório da ONU em Timor-Leste, Unotil, e a Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste, Until.

Nas cerimônias oficiais, Guterres falará aos timorenses na presença de Ramos Horta no Parlamento Nacional. A comemoração do Dia da Consulta Popular culminará no Estádio Municipal de Díli após um desfile popular nas ruas da capital timorense.

Díli acolhe eventos que marcam o culminar dos 25 anos após o referendo liderado pelas Nações Unidas (arquivo)
ONU/Sergey Bermeniev
Díli acolhe eventos que marcam o culminar dos 25 anos após o referendo liderado pelas Nações Unidas (arquivo)