Sírios só podem comprar 15% dos alimentos que conseguiam há três anos
ONU alerta que situação alimentar se junta à outras crises; cólera está se espalhando rapidamente e já matou 80; enviado das Nações Unidas contou ao Conselho de Segurança que o conflito ainda está muito ativo em todo o território sírio.
A população síria apenas pode pagar por 15% da comida que podia comprar há três anos. Esta é uma das estimativas apresentadas esta terça-feira em sessão do Conselho de Segurança que debateu a situação política e humanitária no país em conflito há 11 anos.
A representante humanitária da ONU na Síria, Reena Ghelani, disse aos 15 Estados-membros que o surto de cólera está se espalhando rapidamente, ameaçando a vida de milhões de pessoas.
Água, saneamento e higiene
A prioridade da organização é arrecadar US$ 34,4 milhões para um plano de resposta de três meses. A meta é ajudar mais de 160 mil pessoas com serviços de saúde e a 5 milhões com assistência em água, saneamento e higiene.
Mais de 24 mil casos suspeitos de cólera foram relatados e notificações surgem de todas as 14 províncias. Pelo menos 80 pessoas morreram desde setembro. Em áreas como Hassakeh, al-Bab e Alepo vivem milhões de pessoas com grave escassez de água.
A situação deve piorar com as previsões até dezembro apontando para uma possível crise de água na sequência de chuvas abaixo do normal e temperaturas altas.
Neste momento, cerca de 2 milhões de pessoas dependem da assistência humanitária para atender às necessidades básicas no Noroeste à medida que o inverno se aproxima. Acampamentos ocupados na maioria por mulheres e crianças têm acessam limitado a aquecimento, eletricidade, água ou esgotos.
Acesso transfronteiriço
E a algumas semanas do inverno, a chefe humanitária teme a repetição de um cenário que chama “dolorosamente familiar” na Síria. Outra grande prioridade é a abertura de um maior acesso transfronteiriço para fornecer ajuda humanitária a sírios em extrema necessidade.
Na sessão, o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, disse que a população continua sofrendo porque o “conflito continua muito ativo” em todo o país e o processo político não está a cargo dos civis.
O medidor disse que uma solução baseada num processo político liderado e de propriedade da Síria ainda está longe. Ele lembrou que a alternativa foi “projetada para alcançar uma solução política negociada para implementar a resolução 2254 do Conselho de Segurança”.
Geir Pedersen lembrou que o alicerce de tal solução deve ser a soberania, unidade, independência e integridade territorial, permitindo que o povo sírio determine seu próprio futuro num processo que culmine em eleições livres e justas. O processo deve ser administrado pela ONU e ter a participação de todos os sírios, incluindo da diáspora.
O enviado lamenta que de “forma trágica o processo político ainda não deu resultado para o povo sírio”. A população continua a sofrer, principalmente pela violência aguda.