Agência da ONU apoia resposta a cheias em 19 países africanos
Programa Alimentar Mundial precisa de US$ 15 milhões até março de 2023 para responder inundações e ajudar comunidades afetadas; São Tomé e Príncipe está na lista; sistema de armazenamento de águas da chuva impulsiona produção de frutas e vegetais.
As chuvas fortes na África afetaram 5 milhões de pessoas. Uma quantidade acima da média com enchentes arrasadoras em 19 países do centro e do oeste do continente.
A inundações dizimaram mais de um milhão de hectares de terras agrícolas ceifando centenas de vidas e desalojando dezenas de milhares de pessoas.
Resposta imediata
O Programa Alimentar Mundial da ONU está trabalhando com os afetados para tornar as comunidades mais resilientes a futuros choques e pavimentar um caminho para sair da situação.
O diretor regional do PAM para África, Chris Nikoi considera que as famílias na África Ocidental já foram levadas ao limite após conflitos, consequências da pandemia e o disparo do preço dos alimentos. As inundações agem como um multiplicador dessa miséria.
As enchentes ocorrem em meio aos preparativos da Conferência da ONU sobre Mundança Climática, COP27, no Egito. O evento deve ressaltar a necessidade de socorro a comunidades atingidas por desastres climáticos a se adaptarem, expandirem soluções em abordar perdas e danos e investir na ação climática em contextos frágeis.
Crise de fome
Acredita-se que o desastre seja dos mais mortais que a região já viu em anos e o temor é que agrave a fome de milhões em África.
Chuvas sazonais irregulares são esperadas com novas cheias que podem agravar a situação humanitária. Entre junho e agosto, as calamidades colocaram 43 milhões de pessoas em níveis de insegurança alimentar, crise e emergência.
Entretanto, o PAM está no terreno a fornecer assistência de emergência de três meses na República Centro-Africana, Chade, Gâmbia, Nigéria, São Tomé e Príncipe e Serra Leoa, países fortemente atingidos. O pacote deve favorecer 427 mil mulheres, homens e crianças.
Chris Nikoi notou que fortalecer a resiliência e promover a adaptação climática é parte essencial da antecipação de riscos, restauração de ecossistemas degradados e proteção de comunidades vulneráveis contra o impacto de eventos extremos.
Necessidades alimentares
Pequenos agricultores cujas colheitas foram destruídas também beneficiam da resposta com assistência alimentar de emergência e desembolsos em dinheiro.
Os preços do milho subiram 106%, 78%, 42% no Gana, Níger e Nigéria. Já o valor do sorgo, trigo e arroz aumentaram 85%, 49% e 87 porcento no Burkina Fasso, Mauritânia e Serra Leoa respetivamente.
A disparada de alimentos, combustíveis e fertilizantes não apenas agrava a crise da fome, mas também fomenta as tensões socioeconômicas, à medida que os governos lutam para responder.
O PAM está a implementar também um programa de Ação Antecipada que ajuda a capacitar governos e parceiros e criar sistemas de alerta precoce contra eventos climáticos extremos.
Resiliência
Em agosto, a Ação foi ativada no Níger, visando 200 mil pessoas em risco com mensagens de alerta e aconselhamento. No Sahel, o foco da agência é a construção de resiliência aos efeitos da crise climática, promovendo técnicas agrícolas que ajudam a restaurar terras e ecossistemas degradados.
O PAM apoia as comunidades na construção de sistemas de captação de água da chuva e outras opções de armazenamento, permitindo aos agricultores plantarem frutas e vegetais na época de seca.
A agência implementou um esquema de seguro para melhorar a gestão dos riscos climáticos e desembolsou este ano US$ 9,4 milhões na implementação de um plano de resposta precoce na Mauritânia, Mali e Burkina Fasso como parte da resposta de Capacidade Africana de Risco.
*De Bissau, Amatijane Candé para a ONU News.