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Chefe da ONU em Cabo Verde, Ana Graça, encontra jovens ativistas no Dia dos Direitos Humanos

Economia de Cabo Verde pode “dar o salto qualitativo”

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Chefe da ONU em Cabo Verde, Ana Graça, encontra jovens ativistas no Dia dos Direitos Humanos

Economia de Cabo Verde pode “dar o salto qualitativo”

Assuntos da ONU

Coordenadora da ONU no país fala de sinais de otimismo na transformação econômica; alta da confiança na economia se deve à dinâmica com a retomada de visitas de turistas às ilhas e chegada de mais fundos recebidos de cabo-verdianos no exterior; arquipélago busca recuperação dos efeitos da guerra na Ucrânia, alta de preços e crise climática.

A chefe das Nações Unidas em Cabo Verde disse acreditar que a nação insular consiga passar para o status de desenvolvido em poucos anos. Ana Patrícia Graça classifica a trajetória de desenvolvimento cabo-verdiana como “incrível” e diz acreditar em novo impulso após as atuais crises globais.

Ela falou à ONU News, em Nova Iorque, nesta segunda-feira, à margem de uma reunião com líderes dos escritórios das Nações Unidas de todo o mundo. O encontro do grupo de coordenadores é o primeiro presencial dos últimos três anos.

 

 

Financiamento

“Estamos com uma dívida pública, neste momento, de cerca dos 160% do Produto Interno Bruto. Um país que importa mais de 80% daquilo que consome. Naturalmente que estas crises, que têm vindo a afetar o mundo, têm vindo a afetar os Estados insulares de forma particular: pela falta de escala, falta de competitividade e a questão do espaço fiscal. Isso limita a questão do financiamento da economia para poder gerar mais empregos para os jovens, em particular, e as mulheres poderem gerar rendimento de uma forma equilibrada e garantir a proteção social que tem sido assegurada até agora. E já para não falar naquele salto qualitativo em termos de transformação econômica que o país quer, que certamente irá conseguir dar depois de ultrapassar um bocadinho esta situação.”

Em 2022, Ana Graça deixa o mais alto cargo da ONU em Cabo Verde após quatro anos e meio de trabalho.

Para a representante, o país tem agora mais parceiros de cooperação para cumprir metas do plano para os próximos cinco anos.

Neste 24 de outubro, Cabo Verde renova o plano de cooperação para os próximos anos e pretende tirar 78 mil pessoas da pobreza.

Mais-valia

“Vai ficar uma equipa muito mais forte. Muito mais coesa e muito mais integrada a trabalhar em áreas críticas, nomeadamente a erradicação da pobreza extrema, tema que nós queremos a acompanhar, a imaginar que, em 2026, Cabo Verde pode ser o primeiro país da região a erradicar a pobreza extrema. É possível, não é um sonho. É uma realidade que pode ser possível. Estamos todos a trabalhar para isso, sempre com uma grande tônica nas pessoas. Em particular nos mais vulneráveis, nas mulheres e nos jovens. É uma população jovem que precisa de oportunidade, empregos e, com grande ênfase, no desenvolvimento econômico local e na transformação econômica. Enfim, naquilo que achamos que realmente temos uma mais-valia e com os nossos parceiros do governo e do setor privado. Trabalhamos todos em conjunto em mais de um ano.”

A nova estratégia reflete os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com o prazo de cumprimento que expira nos próximos oito anos. Outro fundamento é a Agenda 2063 para o desenvolvimento da África.

Em Nova Iorque, a chefe da ONU em Cabo Verde falou do uso de estratégias de financiamento sustentável para preencher lacunas para alcançar as metas da Agenda 2030 no país de língua portuguesa.