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Indígenas do Brasil pedem mais responsabilidade e diálogo em prol do acesso à terra

Indígena participando do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas. Foto: ONU/Rick Bajornas

Indígenas do Brasil pedem mais responsabilidade e diálogo em prol do acesso à terra

Direitos humanos

Na ONU, jovem da comunidade terena destaca ação para melhorar vínculo entre novas gerações e seus territórios; no Fórum Permanente dos Assuntos Indígenas, delegado Xavante exige mais atenção aos temas  e às aspirações desses povos.

Representantes brasileiros no Fórum Permanente dos Assuntos Indígenas expressaram as suas expectativas em relação a temas como a terra e os seus direitos, que dominam a reunião deste ano.

De acordo com as Nações Unidas, os povos indígenas totalizam 5% da população mundial mas representam 15% dos mais pobres do mundo.

Impacto

A jovem brasileira Taily Terena falou da relação de jovens de sua comunidade com a terra e seus recursos e como essa ligação pode ter impacto maior em futuras gerações.

ONU News
Indígena brasileira fala de busca de identidade sem perder território

“Sendo jovem, a gente às vezes fica pensando que é a fase do começo, é a energia e vive aquele princípio da vida. Mas isso também traz às vezes muita responsabilidade. Responsabilidade porque se ouve muito falar que a gente é o futuro, mas na verdade a gente é o presente. Sendo indígena, não importa qual a idade ou que você seja criança, adulto, jovem ou ancião, você tem uma relação espiritual com a terra. Então, nós como jovens temos um trabalho no Brasil para que os jovens se relacionem mais com a terra. A gente busca ganhar outros espaços, mas sem perder a nossa identidade, a nossa relação com o nosso território e não perder essa luta. Querendo ou não, ser indígena é também ser parte dessa terra. ”

Os temas em destaque no 17º.  Fórum Permanente de Assuntos Indígenas incluem terras, territórios e recursos desses povos em várias partes do mundo.

Diálogo

ONU News
Indígena brasileiro quer mais diálogo sobre acesso à terra

Heparidi Xavante, é do estado brasileiro de Mato Grosso. Ele afirmou que o diálogo deve marcar a relação entre as instituições do mundo, do seu país e ao nível local.

“Primeiro, nossa esperança é que esse evento divulgue a situação que nosso povo enfrenta e que a ONU consiga dialogar com o governo brasileiro que está no momento  complicado. Que pare a entrada nos nossos territórios e de destruí-los. Para casa um de nós do Brasil, esperamos que o governo  atenda  nossas demandas, vontades e tenha um diálogo com a gente. ”

Violência

Na abertura do evento, na segunda-feira, o presidente da Assembleia Geral mencionou que os direitos humanos dos indígenas são violados e estes povos "excluídos e marginalizados enfrentam a violência por afirmarem seus direitos básicos".

Miroslav Lajcák destacou haver “aparentemente sinais positivos” com a criação de parcerias mais fortes e determinadas a fortalecer essas comunidades.

Para Lajcák, deve haver mais esperança e não se podem ignorar os desafios bastante reais e sérios que ensombram o futuro de várias comunidades indígenas carecendo de atenção urgente. O Fórum Permanente dos Assuntos Indígenas termina a 27 de abril.