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Mediterrâneo Central: Acnur pede mais 40 mil locais de reassentamento

Guardas costeiros italianos resgatam migrantes e refugiados. Foto: OIM/Francesco Malavolta 2014

Mediterrâneo Central: Acnur pede mais 40 mil locais de reassentamento

União Europeia, agências da ONU e 17 países de reuniram-se pela primeira vez sobre a questão; chefe do Acnur defendeu ser “essencial” que qualquer resposta de reassentamento cubra todas as sub-regiões de África afetadas por esses movimentos.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.*

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, pediu que sejam disponibilizados mais 40 mil locais de reassentamento para refugiados localizados em 15 países prioritários** ao longo da rota do Mediterrâneo Central, todos em África.

Para o chefe do Acnur, Filippo Grandi, estes novos locais, “que irão complementar compromissos já existentes, serão cruciais para ajudar os refugiados mais vulneráveis ao longo da rota”.

Resposta global

Grandi defendeu que o reassentamento “só pode ser um elemento de uma resposta mais global” para aumentar a proteção e soluções   para refugiados e mitigar os riscos que eles enfrentam em seu caminho para a Líbia e a Europa.

Como parte dessas ações globais, o Acnur abrigou na segunda-feira a primeira reunião de um grupo sobre “reassentamento aprimorado e caminhos complementares” ao logo da rota do Mediterrâneo Central, presidida pela França.

O grupo inclui países de reassentamento global, a União Europeia, o Acnur e a Organização Internacional para Migrações, OIM. Ao todo, 17 Estados estavam presentes do encontro de abertura.

África

Para Filippo Grandi, uma abordagem abrangente será “fundamental” para diversas questões, inclusive salvar a vida de refugiados.

O alto comissário defendeu ainda ser “essencial que qualquer resposta de reassentamento cubra todas as subregiões afetadas por esses movimentos, incluindo África Oriental, Ocidental, o Norte e o Corno”.

O representante disse ainda que “adesão aos critérios de reassentamento do Acnur, que coloca a ênfase nas vulnerabilidade e necessidades de proteção” das pessoas, também é “chave”.

Declaração de Nova Iorque

Segundo Grandi, até o momento a resposta “está longe de ser adequada”, com apenas 6,7 mil refugiados ao longo das rotas para a Líbia reassentados até agora este ano.

O chefe do Acnur disse ser preciso aumentar as ações, de acordo com o compromisso dos Estados na Declaração de Nova Iorque para fornecer locais de reassentamento de outros meios legais em uma escala que atenda às necessidades globais anuais.

Vidas perdidas

Segundo a agência, em 2016, oportunidades de reassentamento foram oferecidas a apenas 6% dos refugiados que precisam nos 15 países prioritários de asilo e trânsito ao longo da rota do Mediterrâneo Central, onde as necessidades totais são estimadas em 277 mil.

O Acnur ressaltou que o movimento de refugiados e migrantes em direção à Europa continua a ter um impacto arrasador sobre a vida humana.

Desde o início do ano, estimativas são de que mais de 2.420 pessoas tenham morrido ou desaparecido enquanto atravessavam o Mediterrâneo a caminho da Europa. Segundo relatos, muitos outros perderam a vida no caminho.

*Apresentação: Monica Grayley.

**Os 15 países prioritários identificados ao longo da rota do Mediterrâneo Central são Argélia, Burquina Fasso, Camarões, Chade, Djibouti, Egito, Etiópia, Líbia, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Quénia, Sudão e Tunísia,

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