Países lusófonos devem melhorar serviços climáticos com apoio da ONU
OMM cita experiência do Brasil como um dos bons exemplos na área; diretor da agência revela expectativa para encontro previsto para este ano em Cabo Verde; África Austral sofreu impacto da pior seca em mais de 70 anos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização Meteorológica Mundial, OMM, defende uma maior transferência de conhecimentos para ajudar a melhorar a capacidade dos países lusófonos para prever o tempo e o clima.
O diretor do Escritório sobre o Quadro Global para os Serviços Climáticos na agência citou dificuldades em países do grupo para formar técnicos em ciências da atmosfera e da meteorologia.
Cabo Verde
Em entrevista à Rádio ONU, em Nova Iorque, Filipe Lúcio disse esperar que o primeiro passo para os avanços seja dado em território cabo-verdiano.
" O meu escritório vai facilitar um encontro, eventualmente em Cabo Verde, onde os países de expressão portuguesa vão tentar abordar o tema dos serviços climáticos. Como é que países de expressão devem organizar para promover o intercâmbio e a cooperação no domínio dos serviços climáticos? A partir daí, eventualmente sairá um plano específico de implementação que vai catapultar o maior desenvolvimento dessas capacidades ao nível dos países. Esperamos que seja na segunda metade do ano."
Colaboração
O representante da OMM citou o Brasil como um dos elos mais fortes após experiências com calamidades.
Filipe Lúcio confirmou que a agência incentiva a troca de experiências, ao destacar que é preciso formação e colaboração para apoiar os países com capacidades mais limitadas.
"Há várias iniciativas. O caso por exemplo do Brasil onde a previsão climática e a sua aplicação estão muito avançadas. Posso usar, por exemplo, o caso das secas do nordeste do país que deram lugar a uma forte capacitação institucional ao nível das instituições no Brasil que hoje permite prever secas e eventualmente passar essa informação a todos os que possam fazer uso dela. Mas por outro lado exigem países onde a capacidade ainda é muito limitada e investimentos ainda devem ser feitos."
Na opinião do especialista, os países lusófonos devem organizar mais sessões de intercâmbio sobre o clima para minimizar o impacto negativo de eventos climáticos em cada nação.
El Niño
A OMM destaca regiões brasileiras do sul pelas chuvas extremas e do nordeste pelas secas causadas pelo forte fenómeno climático El Niño em 2015.
Angola e Moçambique sofreram os efeitos da temporada mais seca em mais de 70 anos na África Austral, com grande impacto na produção agrícola e na segurança alimentar.
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