Enviado da ONU para o Iraque preocupado com sequestros de civis pelo Isil
Nickolay Mladenov está preocupado com informações de que grande número de pessoas podem ter sido raptadas ou assassinadas pelo grupo islâmico; na província de Anbar, oeste do país, famílias estão sem acesso à comida ou à água.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.*
O representante especial da ONU para o Iraque está preocupado com relatos de violência na área de Al Bagdadi, província de Anbar, oeste do país. Numa nota divulgada esta terça-feira, Nickolay Mladenov afirma que recebeu informações de que “um número substancial de civis possam ter sido sequestrados ou assassinados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil”.
Segundo agências de notícias, 90 cristãos, a maioria assírios, podem ter sido sequestrados pelo grupo islâmico na Síria. Para Mladenov, tais relatos demonstram mais uma vez a “brutalidade do Isil e o total desrespeito à lei humanitária internacional, aos direitos humanos, e aos princípidos de povos civilizados”.
Sofrimento
O enviado da ONU pede ao governo do Iraque e à comunidade internacional para fazerem tudo o que está ao alcance e liberar a área do controle do Isil. Mladenov destaca que só assim será possível aliviar o sofrimento da população do distrito de Al Bagdadi.
O local foi visitado esta terça-feira pela Coordenadora Humanitária da ONU no país, Lise Grande, e pelo representante do Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Neill Wright.
Sitiados
Cerca de 200 famílias foram retiradas de uma área próxima a uma base aérea, após forças do governo terem quebrado o cerco do Isil. Os mais vulneráveis foram enviados de avião a Bagdá.
Essas famílias estavam sitiadas e com acesso limitado à água potável, comida ou medicamentos. Cinco crianças morreram pelas difíceis condições enfrentadas pelos moradores.
Ajuda
Equipes do Acnur encontraram-se com as famílias na chegada a Bagdá e dados iniciais mostram que as mulheres formam 65% dos deslocados do grupo. A distribuição de itens de emergência continua pelos próximos dias e muitos civis estão abrigados com amigos ou familiares em bairros da capital iraquiana.
Os funcionários da ONU trabalham também para fornecer assistência psicológica e legal aos civis. Outra medida é dar assistência em dinheiro aos mais vulneráveis. Com a onda de violência, calcula-se que mais de 2,2 milhões de iraquianos deixaram suas casas e vivem como deslocados internos, isso desde janeiro do ano passado. Somente em Anbar, são 380 mil deslocados.
*Apresentação: Mônica Villela Grayley.
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