Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
Um novo relatório realça quatro grandes áreas de ação das Nações Unidas e dos países-membros para reduzir as mortes de soldados de paz. A produção do documento foi liderada pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O estudo revelado esta segunda-feira decorreu em 2017, um ano marcado pela perda de 56 elementos das tropas de paz. O número de baixas é o maior desde 1994, e a ONU quer reverter essa tendência e melhorar a segurança das suas forças.
Reação
Em entrevista à ONU News, de Brasília, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz falou do que precisa ser mudado ou melhorado nas operações de paz.
“Nessas situações, aonde a ONU é atacada precisa de ter mais iniciativa e incentivar os peacekeepers (tropas de paz) para que tenham uma reação correspondente àquela ameaça. E não se podem deixar impunes aqueles que cometem o crime de atacar as forças de paz. Existem outros pontos como informações e inteligência das operações de paz que precisam também ser bastante intensas a fim de que o soldado de paz não seja também surpreendido pelo ataque desses grupos criminosos.”
Iniciativa
O relatório defende uma nova mentalidade e que o pessoal das Nações Unidas saiba quais os seus riscos e esteja “habilitado a tomar a iniciativa de impedir, prevenir e responder a ataques”. O general explica como essas medidas podem fazer a diferença.

General Santos Cruz a caminho de Gonaives, Haiti. Foto ONU: Marco Dormino.
“Ter treinamento intenso, equipamento e formações e, principalmente a iniciativa do pessoal. As Nações Unidas, os militares e os civis e os policiais atuando na organização não podem dar chance para que criminosos utilizem a violência contra as instalações e o pessoal da ONU. É esse o ponto que eu gostaria de destacar.”Medidas
O estudo propõe medidas para tornar a organização mais capaz e as missões de paz e seu pessoal equipados e treinados para operar em ambientes considerados “com alta ameaça”.
Para esses cenários, o relatório aconselha uma presença de tropas que seja sensível à ameaça de acordo com o mandato de cada operação de paz para “reduzir a exposição” das forças.
Outra proposta é aumentar a responsabilidade dos que devem tomar as medidas para prevenir mortes e feridos para garantir a prestação de contas.
Comportamento
Os departamentos de Operações de Manutenção da Paz e de Apoio ao Terreno da ONU já criaram planos de ação com o documento. As áreas principais são as de comportamento operacional e mentalidade, de capacitação e prontidão e das questões de apoio.

Cerimônia presta tributo aos boinas-azuis mortos em ataque deste mês. Foto: MONUSCO/Alain Coulibaly
O plano prevê ainda um envolvimento político concertado desses setores com os Estados-membros, com os países que contribuem com tropas e com outros órgãos.Desde 2013, o número de soldados de paz mortos vem aumentando em suas missões. Foram 195 vítimas registadas em atos de violência, um nível considerado o maior na história da organização ocorridas durante cinco anos.
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