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Mais de 75% de professores não recebem salário há quase um ano no Iémen

Mais de 75% de professores não recebem salário há quase um ano no Iémen

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Crise salarial afeta mais de 166 mil docentes; Unicef quer apoio mais forte de doadores para pagamento de incentivos aos profissionais de ensino; situação causada pelo conflito afeta educação de 4,5 milhões de crianças.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revelou esta quarta-feira que três quartos dos professores não recebem os seus salários há quase um ano no Iémen.

A agência estima que mais de 166 mil docentes do país estejam afetados pela crise salarial que resulta dos mais de dois anos e meio de conflito. A situação prejudica a educação de 4,5 milhões de crianças.

Deslocados

A violência obrigou a encerrar uma em cada 10 escolas de todo o país. Até julho passado, 1,6 mil estabelecimentos do setor estavam parcialmente ou totalmente destruídos.

A agência revelou ainda que o início do ano letivo, que habitualmente acontece em setembro, foi adiado por várias vezes. Há ainda uma grave falta de livros didáticos e de outros materiais escolares.

Pelo menos 170 estabelecimentos de ensino foram usados para fins militares ou como abrigo para deslocados durante os confrontos.

Capacidade de aprender

Cerca de 2 milhões de crianças estão fora da escola e as que podem frequentar o ensino “sofrem de desnutrição e trauma devido ao deslocamento e à violência que afetou gravemente a sua capacidade de aprender”.

A agência defende que sem um ambiente de aprendizagem e protetor que a escola oferece, mais meninos e meninas serão vulneráveis ao recrutamento para os combates e para o casamento precoce no Iémen. As consequências serão “irreparáveis na sua vida como jovens”, frisa o Unicef.

Bem-estar

Para a agência da ONU, os “esforços humanitários em curso são apenas uma gota no oceano do sofrimento em que o Iémen se tornou”. O apelo é que os combatentes coloquem o bem-estar das crianças acima de tudo.

Outro pedido é que todas as partes “protejam as escolas, abstenham-se de usá-las para fins militares e trabalhem juntas para encontrar uma solução urgente para a crise salarial para que as crianças possam aprender”.

A nota menciona ainda uma colaboração entre vários parceiros para evitar o colapso do sistema de educação, mas precisa que os doadores intensifiquem o apoio e permitam o pagamento de incentivos aos profissionais do setor.

Entre os beneficiários estão o pessoal da educação, os profissionais de saúde e outros funcionários públicos que prestam serviços essenciais para crianças.

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