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Estudo revela ataques para impedir retorno da minoria rohingya ao Mianmar

Estudo revela ataques para impedir retorno da minoria rohingya ao Mianmar

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Escritório dos Direitos Humanos descreve “operações de limpeza” de forças de segurança contadas por testemunhas; abusos citados no documento incluem estupros de menores de idade.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

Um relatório das Nações Unidas destaca que as forças de segurança de Mianmar realizaram ataques “bem organizados, coordenados e sistemáticos” para impedir o retorno de membros da minoria rohingya ao país.

Para produzir o documento, lançado esta quarta-feira em Genebra, o Escritório dos Direitos Humanos realizou mais de 65 entrevistas a pessoas que chegaram ao país vizinho Bangladesh durante o último mês.

Milícias

O estudo menciona “operações de limpeza” ocorridas antes de ataques a postos da polícia em 25 de agosto, incluindo “assassinatos, tortura e estupro de crianças”.

Desde então, mais de meio milhão de rohingyas fugiram da área após operações das Forças do Mianmar alegadamente em responsa a ataques de milícias. O documento defende que as ações militares teriam iniciado no princípio desse mês.

Em nota, o alto comissário para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, disse que aparentemente essas ações seriam uma “conspiração cínica para a transferência forçada de grande número de pessoas sem possibilidade de retorno”.

Propriedades

O estudo cita “informações credíveis” indicando que as forças de segurança de Mianmar “destruíram intencionalmente propriedades dos rohingyas e queimaram casas e aldeias inteiras no norte do estado de Rakhine”.

De acordo com o relatório, o propósito dessas ações seria não somente expulsar a população em massa, mas também para evitar o retorno às suas casas das vítimas rohingya que fugiram”.

O informe cita ações das forças de segurança de destruição, nas quais “muitas vezes se juntaram budistas armados de Rakhine”, a “casas, campos, reservas de alimentos, culturas e gado tornando quase impossível o regresso dos rohingya à vida normal” no norte do estado.

O documento cita “indícios de violência ainda em andamento”, e mencionar que forças de segurança de Mianmar estariam a colocar minas terrestres ao longo da fronteira na tentativa de evitar que os rohingyas voltem”.

Inocentes

As testemunhas contaram ainda que as forças de segurança teriam “disparado de forma indiscriminada contra os aldeões rohingya, ferindo e matando inocentes e incendiando casas”.

Há ainda relatos de pessoas “baleadas a curta distância e nas costas, enquanto tentavam fugir em pânico”, além de “crianças e idosos, queimados até dentro de suas casas”.

De acordo com o Escritório, meninas de cinco a sete anos foram estupradas, muitas vezes na frente de familiares, e às vezes por vários homens “todos vestidos com uniformes do exército”.

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Refugiados rohingyas de Minamar na fronteira com o Bangladesh. Foto: Unicef/Brown