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Milhares de refugiados retornando à Nigéria precisam de ajuda humanitária

Milhares de refugiados retornando à Nigéria precisam de ajuda humanitária

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Agência da ONU está a aumentar ações para prestar assistência a milhares de deslocados que estão a retornar dos Camarões.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.*

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está a aumentar suas ações para prestar assistência a milhares de deslocados que estão a retornar dos Camarões para o nordeste da Nigéria.

Mais de 12 mil voltaram em maio, com 1,8 mil a entrar em apenas um dia na semana passada. A agência alertou que as pessoas estão a chegar a cidade de Banki, a cerca de 100 km ao sul de Maiduguri, local que está em condições difíceis.

Preocupação

O porta-voz do Acnur, Babar Baloch, afirmou que embora os números tenham caído significativamente desde a semana passada, a agência ainda está preocupada já que Banki abriga uma população de cerca de 45 mil deslocados internos e está “longe de estar pronta para receber números tão grandes”.

A decisão de retornar está sendo tomada pelos próprios refugiados. As pessoas citaram condições difíceis no campo de Minawao, nos Camarões, ou a necessidade de voltar para a temporada de plantio. Elas também estão a organizar seu próprio transporte.

De acordo com a agência da ONU, civis estão a dormir ao ar livre e, na falta de combustível para cozinhar, muitos estão a queimar plástico. O saneamento também é uma grande preocupação.

Alerta

O Acnur e o governo nigeriano alertaram os refugiados nos Camarões que a taxa de retorno está a causar uma pressão nos poucos serviços existentes e a criar uma nova emergência para a qual a capacidade de resposta é muito limitada.

Balloch afirmou que a agência e seus parceiros em Banki estão a fazer o que podem para melhorar as condições na cidade e em outras áreas procuradas pelos que estão a retornar, como Gwoza, mais ao sul.

Acordo

A 3 de março, o Acnur, os Camarões e a Nigéria assinaram um acordo tripartite com vista a facilitar os retornos voluntários. O objetivo é garantir que estes estejam de acordo com padrões internacionais.

A situação é parte de uma crise mais ampla na Bacia do Lago Chade, que deslocou mais de 2,7 milhões de pessoas, incluindo cerca de 210 mil nigerianos a países vizinhos.

Até meados de maio, 96 mil destes estavam registados nos Camarões. O Acnur está a monitorar a situação em ambos os lados da fronteira da Nigéria e continua a apelar a todos os países da região que abriguem os que precisam.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

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Photo Credit
Refugiados nigerianos a retornar dos Camarões. Foto: Acnur/Romain Desclous