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Unesco: governos não acompanham demanda pelo ensino superior

Unesco: governos não acompanham demanda pelo ensino superior

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Publicação recente da agência da ONU mostra que número de estudantes universitários dobrou para 207 milhões entre 2000 e 2014; estudo aponta seis recomendações para ampliação do acesso.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Um novo estudo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, mostra que o número de estudantes universitários no mundo dobrou para 207 milhões entre 2000 e 2014.

No entanto, os governos estariam tendo dificuldade para acompanhar o rápido aumento na demanda e grandes disparidades no acesso, com grande parte dos custos do ensino superior ficando a cargo das famílias que, em muitos casos, não podem pagar.

Seis medidas

A publicação “Seis medidas para garantir que a educação superior não deixe ninguém para trás” estabelece uma série de ações para tornar esse nível educacional mais “justo e acessível”.

As medidas incluem garantir que os pagamentos de empréstimos estudantis não ultrapassem 15% da renda anual do estudante.

Outras recomendações:certificar que as pessoas que mais precisam recebam ajuda; garantir que equidade e acessibilidade estejam em marcos regulatórios e criar agências nacionais para assegurar igualdade de oportunidades.

Variar os critérios de admissão, para responder a diferentes necessidades individuais, e fornecer formas variadas de ajuda aos estudantes também estão entre as seis medidas recomendadas.

Desenvolvimento Sustentável

Para a chefe da Unesco, Irina Bokova, a educação superior é um pilar para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sejam alcançados.

Ela afirmou que a demanda vai continuar subindo. Bokova defendeu que governos devem responder criando “novas políticas que garantam que a expansão não se esqueça das pessoas e que o acesso seja baseado no mérito, não em privilégios”.

Tendências globais

Analizando tendências globais, a publicação mostra que apenas 1% dos estudantes mais pobres passaram mais de quatro anos na universidade, em comparação a 20% dos mais ricos.

No México, menos de 1% da população indígena frequenta o ensino superior. Na China, jovens de áreas rurais têm probabilidade 7 vezes menor de ir à universidade do que estudantes de áreas urbanas.

Segundo a Unesco, o acesso ao ensino superior cresceu mais rápido em países mais ricos: nestas nações 74% dos jovens adultos estão matriculados em comparação a apenas 8%, em média, nos países mais pobres.

Desigualdades

As maiores disparidades de gênero também são encontradas em países de baixa renda, onde as mulheres formam apenas 30% dos estudantes de bacharelado.

Para a diretora do Instituto Internacional para o Planejamento Educacional da Unesco, Suzanne Grant Lewis, em alguns países “com desigualdades sociais profundamente enraízadas, ações afirmativas através de cotas ou sistemas de bônus podem ser necessária para expandir o acesso para grupos pouco representados, mesmo se esses mecanismos forem controversos”.

Segundo o estudo, houve uma expansão de faculdades e universidades privadas para atender a demanda estudantil, representando 30% das matrículas de estudantes em todo o mundo e 50% na América Latina.

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Estudantes em uma biblioteca universitária em Rabat, no Marrocos. Foto: Arne Hoel/ World Bank.