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Operação em Mossul deve causar deslocamento de 1 milhão de pessoas

Operação em Mossul deve causar deslocamento de 1 milhão de pessoas

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Alerta foi feito pelo Escritório das Nações Unidas para Assistência Humanitária, Ocha; ofensiva militar à cidade iraquiana tenta derrotar terroristas do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, que mantém o controle da área desde 2014.

Monica Grayley, da Rádio ONU.

Várias agências da ONU e de ajuda humanitária preparam uma operação maciça para socorrer os moradores de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, que fica no norte do país.

O Exército iraquiano e aliados lançaram uma ofensiva militar para expulsar da cidade os terroristas do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, que controlam o local.

Violência sexual

Nesta terça-feira, em Genebra, o porta-voz do Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, alertou que a operação militar deve afetar tremendamente os moradores de Mossul.

Jens Laerke disse que até 1 milhão de iraquianos serão obrigados a fugir de suas casas por causa da intervenção. O Ocha disse que terá equipes de proteção no terreno para monitorar a situação. Existe uma grande preocupação com violência, incluindo violência sexual.

Já a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que a agência está preparando a entrega de comida aos deslocados durante um mês. Existem mais de 14 mil toneladas de rações alimentares em estoques perto da cidade de Mossul.

Fogo cruzado

Apesar dos preparativos, as agências da ONU acreditam que a situação será de uma possível catástrofe. Os trabalhadores de ajuda humanitária ressaltaram ainda a necessidade de acesso aos moradores de Mossul.

O representante da Organização Internacional para Migrações, Thomas Weiss, falou aos correspondentes por telefone diretamente do Iraque.

Ele disse que o governo do Iraque pediu apoio das agências da ONU para criar sítios de emergência para os deslocados. A população está no meio de um fogo cruzado. Há relatos ainda de que os terroristas do Daesh, como é também chamado o grupo islâmico Isil, poderiam usar armas químicas na batalha.

Os terroristas estão em controle de Mossul desde 2014.

A expectativa é de que pelo menos 200 mil pessoas já deixem a cidade nos próximos dias.

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Criança deslocada em campo para refugiados no Iraque. Foto: Acnur/Ivor Prickett
Bebê de cinco dias

Quatro abrigos de emergência já estão proporcionando serviços básicos no sul e no leste de Mossul. Durante o briefing das agências da ONU em Genebra, o representante da Cruz Vermelha, uma agência parceira da ONU, Robert Mardini, pediu que a lei internacional e a proteção de civis sejam respeitadas.

Ele disse que o mundo está observando Mossul neste momento, e é hora de provar a humanidade.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, disse que a metade das crianças em Mossul está sob risco nas próximas semanas. Existem ainda 4,7 milhões de jovens estão sendo afetados pela operação.

Uma moradora de uma localidade perto de Mossul contou ao alto comissário da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, que ela tem medo da destruição. Ela conseguiu chegar ao acampamento de Debaga, na região do Curdistão, no Iraque.

Com um bebê de apenas cinco dias nos braços, a mãe contou que ainda não tem a certidão de nascimento para o filho, que decidiu chamar de Ahmed.

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Iraquianos deslocados fazem fila para receber água e alimentos em campo para deslocados internos em Erbil. Foto: Acnur/Ivor Prickett