Irã executa 20 pessoas acusadas de terrorismo numa só semana
Alto comissário de direitos humanos disse que um dos acusados foi agredido e obrigado a assinar um papel em branco com uma falsa confissão; família pediu para visitá-lo antes da sentença, mas autoridades recomendaram que eles fossem direto para o cemitério.
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
As Nações Unidas emitiram uma nota deplorando a execução de 20 pessoas no Irã nesta semana por crimes relacionados a terrorismo.
O alto comissário de direitos humanos, Zeid Al Hussein, afirmou que há relatos de que a maioria das pessoas executadas era sunita de uma comunidade curda, parte de um grupo minoritário no Irã.
Resposta
Zeid disse que existem sérias dúvidas sobre a transparência do julgamento e se houve respeito aos direitos dos réus.
Num dos casos, o de um homem enforcado na quinta-feira, o alto comissário contou que Shahram Ahmadi teria sido espancado e coagido a assinar uma folha em branco. O documento serviu para produzir uma confissão falsa de culpa.
A família de Ahmadi, que estava preso em Rajai Shahr, no oeste da capital Teerã, pediu para visitá-lo antes da execução pela última vez, mas recebeu como resposta que deveriam ir direto ao cemitério.
Desdém
O alto comissário da ONU afirmou que a aplicação de acusações criminais vagas adicionada ao desdém pelos direitos do acusado acaba gerando o que ele chamou de uma “grave injustiça”.
No mesmo comunicado, Zeid Al Hussein condenou a execução de um jovem de 19 anos, Hassan Afshar, preso quando tinha 17 e condenado por estupro.
Ele foi morto em 2015. O alto comissário afirmou que a execução de menores infratores é repugnante. Ele conclamou o Irã a respeitar a proibição prevista no direito internacional deste tipo de prática.