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Refugiados sul-sudaneses podem passar de 1 milhão este ano

Refugiados sul-sudaneses podem passar de 1 milhão este ano

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Agência da ONU para Refugiados lançou novo apelo de US$ 700 milhões para o país nesta sexta-feira; crianças correspondem a 70% da população de deslocados.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O número de refugiados sul-sudaneses pode passar da marca de 1 milhão este ano se as tendências atuais continuarem. A avaliação é da coordenadora regional para a situação do Sudão do Sul da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Ann Encontre.

A agência lançou um apelo atualizado de US$ 701 milhões esta sexta-feira, em Nairobi, no Quénia. Encontre expressou preocupação com a probabilidade de novos fluxos de refugiados após a recente crise militar na capital Juba.

Falta de Recursos

A coordenadora regional do Acnur também mencionou a escassez de recursos para refugiados sul-sudaneses. Ela afirmou que a agência recebeu apenas 17% do apelo inicial de US$ 638 milhões para este ano.

Segundo Encontre, isto forçou a agência a priorizar a resposta de emergência e atividades vitais às custas de ações relacionadas à água, saneamento, saúde e abrigo para os deslocados.

Crianças

Ela afirmou ainda que, embora as crianças correspondam a 70% da população de refugiados, atividades para proteção de menores, incluindo no setor de educação, também foram gravemente comprometidas.

Encontre elogiou países vizinhos por manterem as suas fronteiras abertas. Neste ano, o número de nações abrigando refugiados sul-sudaneses cresceu e inclui a República Centro-Africana e a República Democrática do Congo, com cerca de 10,5 mil e 12 mil, respetivamente.

Além disso, a Etiópia abriga cerca de 285 mil desalojados do Sudão do Sul, o Sudão mais de 230 mil, o Uganda, cerca de 224 mil e o Quénia, mais de 103 mil.

Cessar-Fogo

A coordenadora regional reiterou o pedido do Acnur para que os envolvidos nos combates garantam segurança às pessoas fugindo em busca de segurança e asilo.

Ele destacou que, embora a situação de segurança tenha melhorado em Juba, desde a declaração do cessar-fogo em 11 de julho, há relatos preocupantes de tensões crescentes e combates eventuais em outras partes do país.

Fome

Agências parceiras da ONU e organizações nacionais e não-governamentais no Sudão do Sul e em países vizinhos participam deste apelo revisto.

Devido à preocupação com a expectativa de que 4,8 milhões de sul-sudaneses devem enfrentar grave escassez de comida nos próximos meses, 23% dos recursos seriam para alimentação.

Recém-chegados no Quénia neste ano estão a citar fome na região de Equatória Oriental como a principal razão de sua fuga.

Novo Apelo

O novo apelo também inclui necessidades de saúde e nutrição (13%), água, saneamento e higiene (13%), proteção de refugiados (12%), abrigo e itens básicos de assistência (10%) e meios de subsistência e proteção ambiental (10%).

O Sudão do Sul, a nação mais jovem do mundo, está atualmente entre os países com os números mais altos de população deslocada por conflito.

Cerca de um em cada quatro sul-sudaneses está deslocado dentro das fronteiras ou em nações vizinhas, a afetar 2,6 milhões de pessoas, de uma população que era de 11,3 milhões em 2013.

Photo Credit
Justine, 22, deixou o Sudão do Sul com suas duas filhas. Elas estão refugiadas na República Democrática do Congo. Foto: Acnur/Collins Delfosse