Armazém do PMA é saqueado com comida para 220 mil no Sudão do Sul
Alimentos eram para sobrevivência e assistência nutricional; agência apela aos autores que mostrem humanidade e devolvam os suprimentos; local tinha veículos, geradores e artigos de emergência antes dos confrontos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O principal armazém do Programa Mundial de Alimentação, PMA, no Sudão do Sul sofreu um roubo quando tinha mais de 4,5 toneladas de alimentos. O local que abastece a agência em todo o país está situado a oeste da capital, Juba.
Em nota, emitida esta quinta-feira, o PMA garante que a quantidade de alimentos estava guardada no local antes do início de combates entre forças que apoiam ao presidente Salva Kiir e as do vice-presidente Riek Machar.
Violência
Os alimentos eram para a “sobrevivência e assistência nutricional a cerca de 220 mil pessoas” durante um mês.
O PMA expressou indignação com o saque mas destacou que o seu pessoal distribui ajuda alimentar essencial para os deslocados pela violência na capital sul-sudanesa.
Emergência
Uma avaliação do local feita pelas forças da Missão das Nações Unidas para o Sudão do Sul, Unmiss, revela que houve “saque extensivo de comida”. Os funcionários do PMA ainda não verificaram o valor das perdas.
O local saqueado tinha camiões, geradores e outros artigos de emergência.
O diretor adjunto regional do PMA condenou com veemência a ação e disse temer que a perda prejudique gravemente a capacidade de ajudar “dezenas de milhares de pessoas que fugiram das suas casas por causa da violência”.
Reservas
A diretora do PMA no país, Joyce Luma, disse que mesmo após o roubo milhares de deslocados abrigados em bases da ONU tiveram assistência alimentar urgente vinda das reservas de um armazém menor de uma outra área da cidade.
Mais de 3 mil pessoas vivem no principal complexo do PMA, a maioria mulheres e crianças. Eles fugiram de combates nos arredores da área e incluem uma mãe que horas após o parto correu para o complexo com o seu bebé.
Luma disse que em “saques em grande escala” do passado, a agência foi capaz de negociar o retorno de alimentos quando os responsáveis reconheceram a importância da assistência humanitária fornecida pelo PMA.
Na nota, a diretora manifesta a esperança de que as partes responsáveis pela “perda devastadora” mostrem humanidade e devolvam os suprimentos de emergência. O objetivo é que a comida seja usada para ajudar milhares de civis inocentes afetados pelo conflito.
*Apresentação: Michelle Alves de Lima.