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Sudão do Sul: ONU vai dar seguimento ao inquérito sobre mortes em Malakal

Sudão do Sul: ONU vai dar seguimento ao inquérito sobre mortes em Malakal

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Conselho de Segurança teve informe sobre episódios de violência onde morreram pelo menos 30 em local de proteção de civis; investigação cita problemas de comando, coordenação e expectativas irrealistas para proteger desalojados.

A ONU declarou que leva “muito a sério” a investigação sobre incidentes que causaram mortos num complexo que abriga civis em Malakal, no Sudão do Sul.

Um informe discutido, esta quarta-feira, em reunião à porta fechada no Conselho de Segurança, aponta que houve confusão no comando e no controlo de regras que tornou difícil a resposta de alguns soldados da paz na área do mais novo país do mundo.

Resposta

O subsecretário-geral para as Operações de Paz, Hervé Ladsous, comprometeu-se a dar seguimento às recomendações da equipa que fez o inquérito. O estudo indica que houve uma resposta inadequada de algum pessoal no terreno na cidade de Malakal.

Foi nos dias 17 e 18 de fevereiro que pelo menos 30 deslocados internos perderam a vida em episódios de violência entre os moradores do local. Outros 123 ficaram feridos e uma parte significativa do acampamento foi destruída.

Apoio

Ladsous disse que faltou capacidade de resposta e de entendimento de regras. Na reunião participaram os subsecretários-gerais da ONU para o Apoio ao Terreno, Atul Khare, e para os Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien.

Os 15 Estados-membros foram informados sobre o estado dos que agora são conhecidos como locais de proteção de civis, que nos últimos dois anos foram instalados e continuam a operar no Sudão do Sul.

No total, 158.727 civis procuram segurança em seis locais próximos às bases da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss. Malakal tem o segundo acampamento mais povoado do país, com 32 mil pessoas, logo a seguir a Bentiu com mais de 95 mil. Na capital, Juba, estão perto de 28 mil deslocados.

Grande Número

O chefe das Operações de Paz disse não haver dúvidas que naquele momento, “foi tomada a decisão certa ao acolher as pessoas, muitas das quais estariam mortas se isso não tivesse sido feito”.

Mas revelou que ninguém esperava uma crise “longa e que ainda haveria um grande número de pessoas nos locais de proteção ".

Na terça-feira, o porta-voz do secretário-geral, Ban Ki-moon,  destacou a investigação especial e a equipa formada na sede da ONU para avaliar as circunstâncias da violência na operação de paz.

Coordenação

De acordo com o relatório preliminar,  entre as várias questões que contribuíram para o incidente de Malakal esteve a falta de coordenação entre as várias forças de paz civis e uniformizadas no momento da crise.

Os investigadores disseram ter havido “expectativas irrealistas quanto ao nível de proteção que a Unmiss poderia realmente fornecer” aos 48 mil deslocados que estavam no local durante os incidentes.

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