Especialista em dívida externa direitos humanos destaca que evasão fiscal destrói confiança em instituições públicas; Juan Pablo Bohoslavsky pede a países que acabem com segredos fiscais.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Após o vazamento de milhões de documentos de um escritório de advocacia, no caso conhecido como Panama Papers, um especialista da ONU em direitos humanos está pedindo à comunidade internacional para acabar com o sigilo financeiro.

Juan Pablo Bohoslavsky é relator independente para dívida externa. Em nota divulgada esta sexta-feira, ele lembra que “evasão fiscal e fluxo ilícito de dinheiro prejudicam investimentos públicos em ações culturais, econômicas e sociais”.

Tráfico

Segundo os Panama Papers, corporações, indivíduos e políticos esconderam dinheiro em centenas de empresas offshore. Para o especialista, os clientes do escritório podem ter diversos motivos para fazer depósitos em companhias offshore.

Mas Bohoslavsky lembra que as principais razões parecem ser “evasão fiscal, corrupção e verbas ilícitas. Ele destaca que paraísos fiscais já foram usados no passado por grupos e indivíduos ligados ao tráfico de drogas e de arma, ao terrorismo e por governantes que violam os direitos humanos.

Julgamento

O relator sublinha que a evasão fiscal destroi a confiança em instituições públicas e prejudica investimentos na saúde pública, na educação e em outros serviços sociais.

Para Bohoslavsky, os Panama Papers destacam a necessidade de todos os países colocarem um fim ao sigilo bancário, quando não há nenhuma justificativa significante para tal.

Outra sugestão do especialista é para a criação de um sistema global de troca automática de informação fiscal. Ele defende também que insituições e indivíduos que promovam a corrupção sejam julgados.

O tráfico ilícito financeiro de países em desenvolvimento e emergentes chegou a US$ 1,1 trilhão em 2013, segundo a companhia Integridade Global Financeira.