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Lusófonas falam de passos após evento feminino com participação recorde

Lusófonas falam de passos após evento feminino com participação recorde

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Brasil presidiu o CSW 60; delegadas de Portugal e Moçambique revelam o que querem fazer para ver mudanças nos seus países; ONU declara que avanços até 2030 devem considerar igualdade de género e empoderamento feminino.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

Representantes lusófonas que fizeram ouvir as suas vozes na 60ª sessão da Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, CSW, falaram à Rádio ONU sobre o evento que se extendeu até sexta-feira.

A reunião  anual  foi presidida pelo Brasil e teve uma participação recorde com mais de 80 ministros e cerca de 4,1 mil representantes de 540 organizações não-governamentais.

Leis

O compromisso final defende ações "sensíveis ao género" com leis, políticas e instituições mais fortes, o melhoramento de dados e o aumento de financiamentos.

A moçambicana, Ludmila Massimana, de 14 anos, disse que sai de Nova Iorque com o sentido de missão por cumprir com meninas da mesma idade no seu país.

"Partilhar com elas o que eu colhi. Muita gente em Moçambique ainda não sabe quais sãos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Vou continuar a fazer palestras na minha escola e nas comunidades. Nós também falamos sobre muitos outros assuntos que afetam as escolas e as sociedades, como a violência no namoro. Isso parte do namoro na adolescência. Nós sabemos que isso acontece muito e muitas vezes ignora-se isso porque se acha que a violência é amor. É a partir desta nossa idade de 14 anos que temos que começar a ter noção para que quando tenhamos 20 anos e soframos violência saibamos que isto não está certo."

Metas

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Promover os ODS e combater a violência no namoro serão tópicos prioritários para a ativista moçambicana Ludmila Massimana.
O CSW 60 reconheceu que é vital o papel feminino como "agentes de desenvolvimento" e que não será possível avançar nas metas globais até 2030 sem a igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Os participantes na sessão de duas semanas apelaram que haja uma abordagem abrangente para implementar os 17 ODS através da integração completa da perspetiva do género em todas as políticas e programas dos governos.

Novas Gerações

A portuguesa Ana Rui Fonseca, de Coimbra, disse que a crise económica teve um impacto principalmente sobre as mulheres rurais. Para ela, o momento é de levar ideias para o progresso feminino e incluir as gerações mais novas.

"Dentro daquilo que eu posso fazer e na ótica de CSW, que passa muito pelo empoderamento da mulher e o investimento em mulheres com foco nas jovens raparigas, vou voltar à casa e continar com o projeto de campo de férias para raparigas. Vou propor uma expansão da rede, idealmente mais campos de férias. Teria mais mentoras jovens mulheres e raparigas pequenas para fazer várias atividades, uma introdução ao feminismo e a essas temáticas dos direitos humanos. Expandir tanto a rede de mentoras como de raparigas a que devemos chegar e propor um protocolo pedagógico."

Políticas Eficazes

O documento final da CSW60 destaca que a eliminação de todas as formas de discriminação com base no género depende de leis e de políticas eficazes, além de se retirar o que ainda permite a discriminação.

A ONU Mulheres defende que podem ser necessárias "medidas especiais temporárias para garantir que mulheres e meninas possam ter justiça pelas violações dos seus direitos humanos".

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Ana Rui Fonseca quer expandir rede de mentoras e raparigas participantes em campos de férias de Portugal.