Perspectiva Global Reportagens Humanas

Aumento do calor na Europa e Ásia Central mata quase 400 crianças por ano

2023 foi o ano mais quente já registrado, globalmente
ADB/Rakesh Sahai
2023 foi o ano mais quente já registrado, globalmente

Aumento do calor na Europa e Ásia Central mata quase 400 crianças por ano

Clima e Meio Ambiente

Região vivencia ritmo mais acelerado de aumento de temperaturas a nível mundial; nova análise de dados do Unicef revela que metade das mortes infantis ocorreu no primeiro ano de vida; riscos envolvem também nascimentos prematuros, baixo peso de recém-nascidos, natimortos e anomalias congênitas.

O aumento das temperaturas na Europa e na Ásia Central matou cerca de 377 crianças em 2021, de acordo com uma nova análise de dados de 23 países publicada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, nesta terça-feira.

O estudo revela que metade dessas crianças morreu de doenças relacionadas ao calor no primeiro ano de vida e que a maioria delas faleceu durante os meses de verão.

Uma em cada duas crianças sob risco

A diretora regional da Unicef para a Europa e Ásia Central, Regina De Dominicis, afirmou que "cerca de metade das crianças na Europa e na Ásia Central, o equivalente a 92 milhões de menores, já estão expostas a ondas de calor frequentes”.

Ela destacou que esta é a região onde “as temperaturas estão subindo no ritmo mais rápido a nível mundial”. O estudo aponta que a exposição das crianças que vivem nos 50 países da Europa e a Ásia Central aos riscos gerados por temperaturas elevadas é o dobro da média global.

Segundo De Dominicis, as temperaturas cada vez mais elevadas podem ter graves complicações de saúde para as crianças, especialmente as mais jovens, mesmo em um curto espaço de tempo. Sem cuidados, “estas complicações podem ser fatais”, ressaltou ela.

Alertas vermelhos foram emitidos para dezesseis cidades em toda a Itália, à medida que o calor extremo continua a afetar o sul da Europa
Unsplash/Domenico Daniele
Alertas vermelhos foram emitidos para dezesseis cidades em toda a Itália, à medida que o calor extremo continua a afetar o sul da Europa

Efeitos mesmo antes do nascimento

A exposição ao calor tem efeitos agudos nas crianças, mesmo antes de nascerem, e pode resultar em nascimentos prematuros, baixo peso de recém-nascidos, fetos natimortos e anomalias congênitas.

Além de ser uma causa direta da mortalidade infantil, o estresse térmico pode afetar o crescimento dos menores e causar uma série de doenças pediátricas. O relatório observa ainda que o calor extremo causou a perda de mais de 32 mil anos de vida saudável entre crianças e adolescentes da região.

À medida que as temperaturas continuam a subir, o Unicef apela aos governos de toda a Europa e Ásia Central por Contribuições Nacionais Determinadas e Planos Nacionais de Adaptação que reduzam os impactos das ondas de calor.

Medidas para proteger as crianças

Outras medidas sugeridas pela agência são priorizar as crianças na elaboração de políticas de redução do risco e gestão de catástrofes, reforçar sistemas de saúde primários e investir em mecanismos de alerta precoce, incluindo alerta de calor. 

O Unicef defende ainda a adaptação das instalações educativas para reduzir as temperaturas nas áreas onde as crianças brincam e preparar os professores com capacitações para responder ao stress térmico.

A agência trabalha com governos, parceiros e comunidades em toda a região para construir resiliência contra as ondas de calor. Isto inclui equipar professores, agentes comunitários de saúde e famílias com as competências e conhecimentos necessários para responder aos novos desafios climáticos.