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OMS pede facilitação de evacuações médicas e vacinação em Gaza

Uma família caminha por uma área onde as pessoas estão abrigadas nos restos de um edifício bombardeado em Gaza
UNRWA
Uma família caminha por uma área onde as pessoas estão abrigadas nos restos de um edifício bombardeado em Gaza

OMS pede facilitação de evacuações médicas e vacinação em Gaza

Saúde

Representante regional da agência comenta remoção bem-sucedida de 100 pacientes em julho, mas ressalta que 10 mil pessoas com condições graves ainda precisam sair do enclave; ela afirmou que risco de poliomielite para crianças é alto e que é preciso agir rapidamente para impedir propagação do vírus.  

Somente na última semana de julho, a Organização Mundial da Saúde, OMS, apoiou a evacuação médica de quase 100 pacientes de Gaza com uma série de condições médicas graves, juntamente com seus acompanhantes, para a Bélgica, Espanha e Emirados Árabes Unidos.

A informação foi transmitida nesta quarta-feira pela diretora regional da agência para o Mediterrâneo Oriental, Hanan Balkhy. Em conversa com jornalistas ela mencionou que a transferência de 85 pacientes para os Emirados Árabes Unidos na semana passada foi a maior evacuação médica desde outubro de 2023.

10 mil pessoas precisam de evacuação médica

A especialista descreveu a operação como “extremamente complexa”, envolvendo o transporte de pacientes e cuidadores de várias partes de Gaza para a passagem de Karem Shalom e depois para um aeroporto israelense.

Hanan Balkhy destacou que a natureza árdua desta viagem se deve em grande parte ao fato de a passagem de Rafah estar fechada desde 6 de maio. Segundo ela, o transporte através de Rafah para o Egito teria proporcionado uma passagem “mais direta e muito menos difícil”.

A representante da OMS enfatizou que a agência tem defendido a abertura de todas as rotas possíveis, incluindo as passagens de Karem Shalom e Rafah para o Egito e a Jordânia e, a partir daí, para outros países.

Ela adicionou que é importante retomar os encaminhamentos médicos e evacuações para a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Mais de 10 mil pessoas que necessitam de evacuação médica continuam em Gaza.

Mulher passa por consulta médica em Gaza
UNRWA
Mulher passa por consulta médica em Gaza

Vacinação contra a poliomielite

Sobre a detecção de uma variante do poliovírus tipo 2 dentro de Gaza, Hanan Balkhy disse que “o risco para as crianças é alto” e que é preciso agir rapidamente para prevenir e conter a propagação do vírus.

Para esse fim, a OMS está trabalhando com o Ministério da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, em uma série de medidas, incluindo campanhas de vacinação contra a poliomielite.

Hanan Balkhy enfatizou que que é necessário um cessar-fogo, ainda que temporário, para realizar com sucesso essas campanhas. Caso contrário, há o “risco do vírus se espalhar ainda mais, inclusive além-fronteiras”, disse ela.

O comissário-geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, disse que graças ao apoio da Unicef e à OMS a entidade vacinou 80% das crianças de Gaza para diversas doenças.

Phillipe Lazzarini afirmou que as equipes de saúde da Unrwa estão empenhadas em liderar a próxima campanha de vacinação contra a poliomielite para crianças com menos de oito anos de idade em Gaza.

Planos de contingência no Líbano

Balkhy reafirmou ataques mortais contra civis, entidades políticas e infraestrutura nas últimas semanas estão aumentando rapidamente os riscos de uma guerra mais ampla no Oriente Médio.

Segundo ela, “os apelos por vingança e retribuição que se seguiram a esses trágicos eventos só levarão a mais violência, morte, destruição e sofrimento para os mais vulneráveis”.

A especialista declarou que a OMS está tendo que se preparar para um aprofundamento do conflito. No Líbano, a agência enviou técnicos em emergência e suprimentos vitais para apoiar o Ministério da Saúde.

A OMS também reforçou a capacidade de 98 hospitais para gerenciamento de vítimas em massa e o pré-posicionamento de 20 kits de trauma e outros suprimentos vitais.

A diretora regional citou ainda interações com autoridades de saúde na Síria, no Irã e na Jordânia para desenvolver planos de contingência e de emergência, mas também ressaltou a esperança de que eles nunca precisem ser ativados.