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Nações Unidas indicam cinco princípios globais para a integridade da informação

Algoritmos não devem controlar o que as pessoas veem, diz chefe da ONU, lançando Princípios Globais para Integridade da Informação
© Unsplash/Mika Baumeister
Algoritmos não devem controlar o que as pessoas veem, diz chefe da ONU, lançando Princípios Globais para Integridade da Informação

Nações Unidas indicam cinco princípios globais para a integridade da informação

Assuntos da ONU

Secretário-geral defende ecossistema informativo mais humano observando direitos humanos e futuro sustentável, fundamentos para o desenvolvimento sustentável e inclusivo, ação climática, democracia e paz.

As Nações Unidas publicaram nesta segunda-feira cinco Princípios Globais para a Integridade da Informação. Segundo o secretário-geral, António Guterres, a base deles é uma “visão primordial de um ecossistema informativo mais humano”.

Falando a jornalistas, em Nova Iorque, ele listou os princípios de confiança e resiliência social, mídia independente, livre e pluralista, incentivos saudáveis, transparência e pesquisa e empoderamento público.

Direitos humanos e futuro sustentável

Guterres disse que os cinco pontos defendem um ambiente informativo em favor de direitos humanos e um futuro sustentável, além de fornecer “uma base sólida para o desenvolvimento sustentável e inclusivo, ação climática, democracia e paz”.

O líder das Nações Unidas começou seu discurso defendendo que a disseminação de ódio e as mentiras online estão causando graves danos ao mundo atual.

Na intervenção, ele destacou que fatores como informações erradas, desinformação e discurso de ódio alimentam o preconceito e a violência, piorando divisões e conflitos, demonizando minorias e comprometendo a integridade das eleições.

Guterres exigiu ação das partes envolvidas citando como prioridade para as grandes empresas de tecnologia que estas “assumam a responsabilidade de reconhecer os danos que seus produtos estão infligindo às pessoas e comunidades.” 

Para o secretário-geral, este setor tem poder para mitigar danos e para mudar os modelos de negócios que lucram com a desinformação e o ódio.

O secretário-geral António Guterres informa jornalistas no lançamento dos Princípios Globais para a Integridade da Informação
ONU
O secretário-geral António Guterres informa jornalistas no lançamento dos Princípios Globais para a Integridade da Informação

Monetização de conteúdo danoso

Em segundo lugar, Guterres pediu que os anunciantes e a indústria de relações públicas parem de monetizar conteúdo danoso e reforcem a integridade da informação protegendo suas marcas e aumentando seus lucros. Para o chefe das ONU, a crise climática levanta preocupação particular em relação a esse aspeto.

Em terceiro lugar, Guterres disse que os meios de comunicação devem elevar e impor padrões editoriais, além de proteger o jornalismo de qualidade com base nos fatos e na realidade. 

Um dos pontos é ter os anunciantes como “parte da solução, não do problema” e que novos compromissos dos governos criem e mantenham um “cenário de mídia livre, viável, independente e plural para a proteção mais forte dos jornalistas”.

Guterres chamou a atenção para a “velocidade sem precedentes” de proliferação de expansão de ameaças à integridade da informação observada em plataformas digitais, turbinadas por tecnologias de inteligência artificial.

Ciência, fatos e direitos humanos

Ele mencionou os ataques a campos e setores como ciência, fatos, direitos humanos, saúde pública e ação climática.

Para o secretário-geral, quando a integridade da informação é visada também sofre a democracia. As narrativas falsas, distorções e mentiras “geram cinismo, descrença e desengajamento”. 

O chefe da ONU realçou que a coesão social é minada pela falta de integridade da informação “colocando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ainda mais fora de alcance”.

Guterres destacou ainda o poder dos algoritmos de “empurrar as pessoas para bolhas de informação e reforçar preconceitos, incluindo racismo, misoginia e diferentes formas de discriminação”.