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Corte Internacional de Justiça pede fim da ofensiva israelense em Rafah

Uma vista da sala do Tribunal Internacional de Justiça em Haia no caso África do Sul v.
CIJ/Wendy van Bree
Uma vista da sala do Tribunal Internacional de Justiça em Haia no caso África do Sul v.

Corte Internacional de Justiça pede fim da ofensiva israelense em Rafah

Legislação e prevenção de crimes

Atendendo demanda da África do Sul, órgão da ONU estabelece, por 13 votos a dois, novas medidas provisórias a serem cumpridas por Israel; dentre elas estão fim dos ataques à cidade no sul do enclave, reabertura de passagem para ajuda, acesso para investigações de genocídio e relatório de cumprimento das ordens da Corte. 

Com 13 votos a favor e dois contra, a Corte Internacional de Justiça, CIJ, estabeleceu novas medidas provisórias a serem cumpridas por Israel no caso movido pela África do Sul sobre aplicação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza.

O tribunal levou em conta o pedido de atualização feito pelo país africano no dia 10 de maio e reconheceu a “piora das condições de vida dos civis” em Rafah. 

Quatro novas medidas provisórias

Segundo a decisão dos juízes, Israel deve “interromper imediatamente a sua ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah que possa infligir ao grupo palestino em Gaza condições de vida que poderiam provocar a sua destruição física, total ou parcial”.

As novas medidas provisórias incluem também a determinação de manter aberta a passagem de Rafah para “abastecimento desimpedido em escala de urgência de serviços básicos e assistência humanitária”.

A corte também determinou que Israel tome “medidas eficazes para garantir o acesso desimpedido à Faixa de Gaza de qualquer comissão de inquérito, missão de averiguação ou outro órgão de investigação mandatado por órgãos competentes das Nações Unidas para investigar alegações de genocídio”.

A decisão traz ainda a exigência de que Israel apresente, dentro de um mês, um relatório à Corte sobre “todas as medidas tomadas para dar cumprimento à esta ordem”. Além das novas medidas provisórias, foram reafirmadas aquelas que já haviam sido adotadas em 26 de janeiro e 28 de março de 2024.  

A ONU estima que mais de 810 mil pessoas fugiram de Rafah nas últimas duas semanas
UNRWA
A ONU estima que mais de 810 mil pessoas fugiram de Rafah nas últimas duas semanas

Situação “crítica”

Nesta sexta-feira, a agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, afirmou que está atuando para criar um ambiente saudável e seguro para os deslocados, mas a situação é “crítica”.

Dentre os desafios na área de Al Mawasi, para onde muitos palestinos fugiram após o início das ações militares israelenses em Rafah, a agência mencionou “avarias frequentes das máquinas, a ausência de um aterro seguro e a falta de pontos de coleta de lixo”

A Unrwa disse ainda que, enquanto uma guerra acontece em Gaza, na Cisjordânia a situação passa despercebida. As operações militares, a destruição, as restrições de movimento e a pobreza geram medo, incerteza e ansiedade entre as comunidades de refugiados palestinos.

Alimentos presos em armazéns

Falando de uma unidade de abastecimento na Jordânia com estoques prontos a serem enviados para Gaza, a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, PMA, disse que “a comida precisa estar na mão de famílias que estão famintas e não em um armazém”. 

Cindy McCain reforçou o apelo por acesso seguro e contínuo para entrada de assistência em Gaza. Segundo ela, “a ajuda deve fluir por todos os corredores e pontos de entrada, todos os dias”. 

O PMA afirmou que milhares de famílias no enclave estão mais uma vez em busca de comida e abrigo. Até agora, neste mês, a agência forneceu alimentos a 1 milhão de pessoas, mas com rações reduzidas.