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Em Rafah, Guterres pede que Israel permita ajuda “total e irrestrita” em Gaza

O secretário-geral da ONU, António Guterres, dirige-se à comunicação social na passagem de Rafah, entre o Egipto e Gaza
ONU/Mark Garten
O secretário-geral da ONU, António Guterres, dirige-se à comunicação social na passagem de Rafah, entre o Egipto e Gaza

Em Rafah, Guterres pede que Israel permita ajuda “total e irrestrita” em Gaza

Ajuda humanitária

Secretário-geral fez pronunciamento chamando de “monstruosa” a continuidade de bombardeios e ataques israelenses durante o mês sagrado dos muçulmanos; ele afirmou que está “mais do que na hora de um cessar-fogo imediato” e que o senso comum de humanidade deve prevalecer.

Neste sábado, o secretário-geral da ONU fez um pronunciamento na passagem de Rafah, que fica na fronteira entre o Egito e Gaza, chamando a atenção para a crueldade vivida pelo povo palestino.

António Guterres afirmou que é “monstruoso” que, depois de tanto sofrimento durante meses, os palestinos em Gaza tenham que marcar o Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, com “bombas israelenses caindo, balas voando e ataques de artilharia em curso”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), encontra uma paciente palestina em um hospital em El Arish, no Egito
ONU/Mark Garten
O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), encontra uma paciente palestina em um hospital em El Arish, no Egito

Bloqueio de ajuda é “ultraje moral”

Ele disse que na travessia de Rafah o sofrimento e a crueldade são palpáveis, pois há uma longa fila de caminhões de ajuda bloqueados de um lado dos portões e do outro a enorme “sombra da fome”. 

Para o chefe das Nações Unidas, “isso é mais do que trágico, é um ultraje moral”. Segundo ele, “qualquer novo ataque tornará tudo pior” para os civis palestinos, para os reféns e para todas as pessoas da região.

António Guterres afirmou que este quadro trágico reforça que está “mais do que na hora de um cessar-fogo imediato”. Ele ressaltou que “é hora de Israel assumir um compromisso firme de acesso total e irrestrito a bens humanitários em toda Gaza”.

O chefe da ONU disse ainda que “no espírito de compaixão do Ramadã, é hora da libertação imediata de todos os reféns”.

Funcionários da ONU entregam suprimentos humanitários no norte da Faixa de Gaza
UNRWA
Funcionários da ONU entregam suprimentos humanitários no norte da Faixa de Gaza

Apelo por dignidade e decência

Pedindo o “silencio das armas”, o secretário-geral lembrou que os palestinos em Gaza permanecem “presos em um pesadelo”, com comunidades destruídas, casas demolidas e famílias e gerações inteiras eliminadas. 

Ele enfatizou que os palestinos em Gaza precisam saber que “não estão sozinhos”. Guterres afirmou que “as pessoas em todo o mundo estão indignadas com os horrores que estão sendo testemunhados em tempo real”.

O líder da ONU disse carregar as vozes da grande maioria do mundo “que já viu o bastante” e que “ainda acreditam que a dignidade humana e a decência devem nos definir como uma comunidade global”.

“Vamos escolher o lado da ajuda, o lado da esperança e o lado certo da história”, disse ele, afirmando que não vai desistir e fará de tudo que puder para que o sentido comum de humanidade possa prevalecer. 

Missão de solidariedade durante o Ramadã

Guterres explicou que todos os anos, desde que serviu como alto comissário para os refugiados, realiza uma missão de solidariedade durante o mês sagrado do Ramadã para “trazer visibilidade para as comunidades muçulmanas em perigo”.

Neste Ramadã, ele se dirigiu à travessia de Rafah para destacar as dificuldades e dor dos palestinos em Gaza, bem como os obstáculos para aliviar a situação humanitária que enfrentam.

O secretário-geral também pediu que todos os membros das Nações Unidas apoiem o trabalho para salvar vidas, liderado pela “espinha dorsal” de todas as operações de ajuda a Gaza, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa.