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Secretário-geral da ONU pede cessação da violência no Sudão durante Ramadã

Pessoas deslocadas no campo de Darfur coletando água.
© UNICEF/Antony Spalton
Pessoas deslocadas no campo de Darfur coletando água.

Secretário-geral da ONU pede cessação da violência no Sudão durante Ramadã

Paz e segurança

António Guterres acredita que passa da violência durante feriado mulçumano pode contribuir para o fim dos combates; crise já interrompeu operações humanitárias cruciais, afetando milhões; ele apela à comunidade internacional por financiamento e respeito ao direito internacional para facilitar a ajuda humanitária.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu pela cessação da violência no Sudão para “honrar os valores do Ramadã”, mês sagrado para os muçulmanos. Nesta quinta-feira, ele disse esperar que a pausa leve aos “silenciamento definitivo das armas” no país e para um caminho de paz. O feriado começa em 10 de março. 

Em sessão do Conselho de Segurança sobre a situação no Sudão, o chefe das Nações Unidas lembra que em breve a violência completa um ano e, além de ter consequência humanitárias graves, também amplia a instabilidade regional.

Suspensão de ajuda humanitária

O agravamento da violência no país fez com que operações humanitárias críticas fossem interrompidas. Guterres alerta que metade da população sudanesa, ou 25 milhões de pessoas, precisa de assistência.

Além disso, pelo menos 14 mil pessoas foram mortas e a crise de deslocamento interno no país já é a maior do mundo, com 6,3 milhões procurando lugares seguros desde o começo do conflito. Outras 1,7 milhão fugiram para países vizinhos. 

Em seu discurso no Conselho de Segurança, o secretário-geral ainda afirmou que o conflito destruiu infraestrutura civil, com mais de 70% das instalações de saúde fechadas nas áreas mais afetadas.

Ele adiciona que os serviços de água e saneamento foram prejudicados, espalhando doenças, e lembrou que a fome é uma questão crescente no país. Já são cerca de 18 milhões de pessoas enfrentado insegurança alimentar aguda.

Ação da ONU e negociações

O secretário-geral saudou a decisão das autoridades sudanesas em facilitar a entrada de ajuda pela fronteira leste do país, incluindo com o Chade. No entanto, ele aponta que áreas de Darfur e outras onde a fome é um problema crônico também precisam de ajuda.

Assim, Guterres explicou que de acordo com a Declaração de Jeddah, as autoridades devem permitir a entrada imediata da ajuda humanitária, com as rotas abertas para permitir o fluxo contínuo dos comboios. 

O chefe da ONU também fez um novo apelo para que a comunidade internacional por financiamento ao plano de ajuda para o país, que segue sem receber os fundos necessários.

Em seu pedido, ele também solicita às partes do conflito que respeitem o direito internacional, protejam civis e facilitem o trabalho humanitário. Guterres ainda agradeceu o chefe da Comissão da União Africana, Moussa Faki, pela mediação do conflito.

Segundo ele, as Nações Unidas estão prontas para intensificar seu engajamento com parceiros multilaterais para tomar medidas em direção a uma “cessação duradoura das hostilidades” e a uma mediação internacional inclusiva, coerente, complementar e eficaz. 

O enviado do secretário-geral, Ramtane Lamamra, se reuniu com as partes do conflito, cruzou o Chifre da África e o Golfo e visitou várias capitais para discutir o caminho a seguir.

Fechamento da Unitams

De acordo com a resolução 2715 do Conselho de Segurança, a Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão, Unitams, foi encerrada em 29 de fevereiro de 2024.

O secretário-geral agradeceu o trabalho da operação política e o apoio de diversas partes na implementação de seu mandato. Segundo ele, mesmo com o fim da Unitams, o trabalho coletivo pela paz deve ser intensificado.

Ele reforçou que a cessação das hostilidades no Ramadã pode ajudar a conter o sofrimento e abrir caminho para uma paz sustentável.  Ele concluiu enfatizando que não sejam poupados “os esforços para apoiar o povo do Sudão em suas legítimas aspirações por um futuro pacífico e seguro.”