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Ataques em Rafah agravam situação humanitária já precária em Gaza

Bairros inteiros foram destruídos no norte de Gaza.
© Unocha
Bairros inteiros foram destruídos no norte de Gaza.

Ataques em Rafah agravam situação humanitária já precária em Gaza

Ajuda humanitária

Cidade no sul da Faixa de Gaza já abriga mais da metade da população do enclave, que sofre com a superlotação e escassez de recursos; Programa Mundial de Alimentos alerta que norte segue sem ajuda humanitária, agravando situação de fome.

Em meio aos contínuos combates em Gaza nesta quinta-feira, incluindo relatos de ataques aéreos mortais na província de Rafah, o chefe da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, expressou preocupação sobre uma possível escalada do conflito.

Em suas redes sociais, ele declarou que o aumento dos confrontos em Rafah agrava a segurança e o bem-estar das famílias já vulneráveis que buscam abrigo na cidade do sul da Faixa de Gaza.

Ataques em Rafah

A reação foi publicada após relatos da mídia sobre ataques aéreos israelenses na noite de quinta-feira em Rafah, que resultaram na morte de 14 pessoas, incluindo cinco crianças.

O local já abriga cerca de 1,4 milhões de pessoas que com o início dos combates buscava segurança e suprimentos. A ONU alerta que a província sofre com superlotação, sem serviços básicas para sobreviver, com escassez de alimentos, aumento de incidência de doenças e morte.

O chefe humanitário da ONU reforça que mais da metade da população de Gaza está “aglomerada” em Rafah, uma cidade originalmente com 250 mil habitantes, na fronteira com o Egito.

Destacando a crescente falta de esperança sentida por milhões de habitantes de Gaza desalojados pela violência, Griffiths reforçou que qualquer aumento nos combates poderia criar ainda mais obstáculos aos esforços de ajuda, já prejudicados pelas repetidas restrições de acesso das forças israelenses e pela infraestrutura danificada.

O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, informou que os militares israelenses anunciaram na quarta-feira "uma suspensão temporária e tática das atividades militares no bairro ocidental de Rafah entre 10h e 14h para fins humanitários".

Guterres pede solução de dois Estados

Condenando a violência que se espalha em Gaza e entra em seu quinto mês, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação aos Estados-membros na quarta-feira com as possíveis operações militares israelenses na região.

Na Assembleia Geral, o chefe da ONU reiterou que "nada justifica" os "horríveis ataques terroristas" do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que provocaram um bombardeio maciço e uma operação terrestre.

Para Guterres, somente um "cessar-fogo humanitário imediato e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns" poderiam ajudar a trazer a paz, juntamente com "ações irreversíveis em direção a uma solução de dois Estados".

Risco de fome confirmado novamente

O Programa Mundial de Alimentos da ONU, PMA, citou preocupações específicas "para cerca de 300 mil pessoas no norte de Gaza, que têm sido predominantemente privadas de assistência e onde as avaliações de segurança alimentar mostram as maiores necessidades".

Segundo o PMA, a ajuda humanitária que chega à cidade de Gaza, no norte da Faixa, "não é suficiente para evitar a fome". A agência acrescenta que "o acesso mais rápido e contínuo" é urgentemente necessário. 

A última vez que a Agência da ONU para Refugiados palestinos, Unrwa, conseguiu realizar uma distribuição de alimentos no norte de Wadi Gaza foi em 23 de janeiro, de acordo com a última atualização da situação do Ocha.