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Um mês após escalada de violência, ONU destaca que acesso ainda é limitado em Gaza

Gaza City é bombardeada à noite.
© UNICEF/Eyad El Baba
Gaza City é bombardeada à noite.

Um mês após escalada de violência, ONU destaca que acesso ainda é limitado em Gaza

Ajuda humanitária

OMS revela que 160 crianças são mortas na Faixa de Gaza diariamente; entrada de ajuda continua insuficiente e pacientes são tratados sem anestesia; agência da ONU para refugiados palestinos abriga 717 mil pessoas em 149 de suas instalações.

Nesta terça-feira, completa um mês desde os ataques do Hamas em Israel e o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza. Com o agravamento da questão humanitária na região, as equipes da ONU fizeram um novo apelo por acesso ampliado à região.

O porta-voz da Organização Mundial da Saúde, OMS, afirma que o nível de morte e sofrimento é “difícil de compreender”. Christian Lindmeier disse a jornalistas em Genebra que, em média, 160 crianças são mortas na Faixa de Gaza diariamente.

160 crianças mortas diariamente

Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, o número total de mortos ultrapassou 10 mil. Nos últimos dias, os bombardeios israelenses seguiram se intensificando e as operações militares no terreno continuam.

Crianças coletam água na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
© UNICEF/Eyad El Baba
Crianças coletam água na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Segundo o representante da OMS, em Israel, as pessoas estão "amedrontadas, traumatizadas e angustiadas por seus entes queridos", reforçando os apelos amplos ao Hamas para liberar os reféns. 

Ele enfatizou que muitos dos mantidos em cativeiro precisam de atenção médica urgente.

Esforços Diplomáticos

Ecoando apelos anteriores da ONU, Lindmeier insistiu que é necessário vontade política para caminhar com uma pausa humanitária e acesso para aliviar o sofrimento da população civil, bem como dos reféns em Gaza.

O chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk, iniciou uma visita de cinco dias no Cairo, Egito, na terça-feira para se reunir com autoridades do governo, sociedade civil, vítimas e colegas da ONU.

Ele enfatizou que "violações dos direitos humanos estão na raiz dessa escalada e desempenham um papel central para encontrar uma saída desse redemoinho de dor".

Ele deve visitar Rafah, na fronteira entre o Egito e Gaza, antes de viajar para a capital da Jordânia, Amã.

Condições de vida desumanas

A agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, afirmou na terça-feira que mais de dois em cada três habitantes de Gaza foram deslocados em um mês.

Para a Unrwa, isso ocorre por conta do medo constante e condições de vida desumanas para quase 1,5 milhão de pessoas. A agência ainda destaca a luta diária para encontrar comida e água, bem como interrupções regulares nas telecomunicações que isolam as pessoas de seus entes queridos e do resto do mundo.

Mais de 717 mil pessoas estão abrigadas em 149 instalações da Unrwa em toda a área, incluindo no norte, que foi isolado do resto do território devido a operações militares israelenses.

Para Lindmeier, não há justificativa para o horror que os civis em Gaza estão sofrendo, destacando a necessidade de água, combustível, alimentos e acesso seguro aos cuidados de saúde para sobreviver.

Trabalhadores humanitários

Ele reiterou os apelos da ONU por "acesso irrestrito, seguro e protegido" para cerca de 500 caminhões de ajuda por dia, não apenas na fronteira, mas também para os pacientes nos hospitais, onde cirurgias, incluindo amputações, estão sendo realizadas sem anestesia.

Centenas de caminhões de ajuda aguardam acesso na fronteira Egito-Gaza, e os agentes humanitários no local em Gaza estão prontos para facilitar a distribuição de itens de socorro.

Lindmeier também disse que estava orgulhoso dos profissionais que mantêm o sistema de saúde em funcionamento em Gaza, contra todas as probabilidades; "verdadeiros heróis" que estão "trabalhando sob constante estresse, sem descanso".

A OMS lamenta a morte dos 16 profissionais de saúde atingidos em serviço e enfatiza que quaisquer ataques a operações de assistência médica são proibidos pelo direito humanitário internacional.