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Chefe da ONU pede compromisso com paz no local de nascimento de Buda

No local sagrado de Lumbini, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que o mundo se inspire nos ensinamentos de Buda
UN Nepal/Narendra Shrestha
No local sagrado de Lumbini, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que o mundo se inspire nos ensinamentos de Buda

Chefe da ONU pede compromisso com paz no local de nascimento de Buda

Paz e segurança

António Guterres apelou à inspiração nos ensinamentos de Buda para promover a paz em um mundo em crise; ele destacou conflitos em várias regiões, importância da justiça de transição no Nepal e urgência de ajuda humanitária em Gaza.

No local sagrado de Lumbini, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que o mundo se inspire nos ensinamentos de Buda e se comprometa com a paz e a compaixão em meio às crescentes crises.

Nesta terça-feira, ele também destacou os conflitos que vão “do Oriente Médio à Ucrânia e do Saara ao Sudão”, o enfraquecimento de regras e instituições globais e o impacto da violência sobre as pessoas, especialmente mulheres e crianças.

Local de nascimento de Buda

Lumbini, no sul do Nepal, é um Patrimônio Mundial da Unesco, conhecido como o local de nascimento de Buda. O local tem uma enorme importância espiritual e atrai centenas de milhares de peregrinos de todo o mundo.

Em seu discurso após a visita, o chefe da ONU também expressou preocupação com o número recorde de pessoas expulsas de suas casas pela violência, conflitos e perseguições, bem como com os desafios persistentes da pobreza e desigualdade e os impactos cada vez piores das crises climáticas.

Ele apontou como principais ações para paz sustentada a proteção dos direitos humanos, construção de confiança e compreensão, alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a abordagem da pauta climática, com a redução das emissões de gases de efeito estufa e restauração da biodiversidade.

Discurso ao Parlamento

Guterres enfatizou a mensagem budista de compaixão, não violência e interdependência como uma inspiração para todos e fonte de unidade. “A paz é mais do que uma visão nobre, é um grito de mobilização. A partir destes jardins sagrados, conclamo o mundo a agir agora pela paz”, disse Guterres.

Em visita oficial ao Nepal a convite do Governo, o secretário-geral também falou durante uma sessão do Parlamento nepalês, onde observou o progresso feito pelo país, que teve um conflito armado interno de uma década.

“Vocês estão preparando as etapas finais do seu processo de paz liderado pelos nepaleses, curando as feridas da guerra por meio da justiça de transição”, afirmou.

Ele adicionou que a justiça de transição tem mais chance de sucesso quando é inclusiva, abrangente e tem as vítimas no centro, observando que a ONU está pronta para apoiar o processo centrado nas vítimas e sua implementação de acordo com padrões internacionais e decisões do Supremo Tribunal.

Em seu discurso, o chefe da ONU também reconheceu as contribuições do Nepal para operações de manutenção da paz da ONU em todo o mundo, desafios das mudanças climáticas, multilateralismo, tecnologia e inclusão digital.

Gaza

Também nesta terça-feira, Guterres fez um novo apelo pela entrada de ajuda humanitária em Gaza, declarando que os níveis de ajuda permitidos são "completamente inadequados" para atender às crescentes necessidades dos civis.

António Guterres reiterou seu apelo por um "cessar-fogo humanitário imediato" entre as forças israelenses e os militantes do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e outros grupos.

Em um comunicado, Guterres afirmou que privar o povo de Gaza de suprimentos básicos só "agrava a tragédia humana" do conflito, pedindo que o acesso humanitário sem impedimentos "seja concedido de maneira consistente, segura e em escala para atender às necessidades urgentes criadas pela catástrofe em curso em Gaza."

Ele disse estar profundamente alarmado com a intensificação da violência, incluindo a expansão das operações terrestres das Forças de Defesa de Israel, acompanhadas por ataques aéreos intensos, e o contínuo lançamento de foguetes em direção a Israel a partir de Gaza.

"Os civis têm suportado o peso dos combates desde o início. A proteção dos civis dos dois lados é primordial e deve ser respeitada o tempo todo", afirmou.

Questão humanitária

O Ministério da Saúde, dirigido pelo Hamas, relata que mais de 8,3 mil pessoas foram mortas em Gaza desde 7 de outubro, incluindo 3.547 crianças, 2.136 mulheres e 480 idosos.

As últimas cifras divulgadas pela Agência de Assistência aos Refugiados Palestinos da ONU, Unrwa, que possui cerca de 13 mil funcionários trabalhando em Gaza, destacam a extensão da crise humanitária. 670 mil deslocados internos estão abrigados em 150 instalações da ONU.

Segundo a agência, a situação nos abrigos permanece crítica, com assistência muito limitada disponível e nenhum espaço adicional. Além disso, a Unrwa perdeu mais três membros de sua equipe nos ataques aéreos das últimas 24 horas, elevando o número para 67.

Libertação incondicional de reféns

O chefe da ONU repetiu sua "condenação total dos atos de terror do Hamas" em 7 de outubro. "Nunca há justificativa para assassinar, ferir e sequestrar de civis. Apelo pela libertação imediata e incondicional dos civis mantidos como reféns pelo Hamas", disse.

Guterres enfatizou novamente que o direito internacional humanitário "estabelece regras claras que não podem ser ignoradas. Não é um menu à la carte e não pode ser aplicado seletivamente."

Com o perigo do conflito chegar ao Líbano e à Síria, o chefe da ONU disse que permanece “profundamente preocupado” com o risco da escalada da violência, pedindo aos líderes na região que exerçam o máximo de moderação.