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ONU apoia campanha celebrando cultura de paz em Moçambique

Stewart Sukuma participou do projeto “A Paz é Nossa Cultura.”
Stewart Sukuma
Stewart Sukuma participou do projeto “A Paz é Nossa Cultura.”

ONU apoia campanha celebrando cultura de paz em Moçambique

Cultura e educação

Projeto artístico envolvendo vários músicos ressoa no aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz que acabou com o conflito iniciado no pós-independência; iniciativa promove questões como inclusão, diversidade, união, tolerância e harmonia.

Neste 4 de outubro, Moçambique  marca 31 anos da assinatura do acordo geral de paz de Roma. O entendimento marcou o fim de 16 anos da guerra civil entre forças governamentais e da antiga guerrilha da Renamo, agora partido da oposição. 

Os esforços de busca da paz envolvem o governo, as Nações Unidas e parceiros da sociedade civil. Neste contexto, o músico e ativista social Stewart Sukuma idealizou uma canção de artistas abordando o tema.

Os esforços de busca da paz envolvem o governo, as Nações Unidas e parceiros da sociedade civil
Stewart Sukuma
Os esforços de busca da paz envolvem o governo, as Nações Unidas e parceiros da sociedade civil

Consolidar a mensagem

Em conversa com a ONU News, em Maputo, Stewart Sukuma conta que depois de encontros com a instituição Peace Process Support, PPS, apoiada pelas Nações Unidas, foi fácil consolidar a mensagem. Ele comenta o projeto “A Paz é Nossa Cultura.”

“Queríamos uma letra que transmitisse amor, tolerância, amizade e reconciliação. A letra foi feita em português e depois traduzida para as línguas previamente escolhidas. Queríamos uma música que ficasse nos ouvidos, mas que também tivesse ingredientes fortes da música tradicional de cada lugar representativo dos artistas envolvidos. Já temos na música cerca de sete línguas representativas e temos português, que é a língua comum dos moçambicanos. Para além disso, a música acompanhada do vídeo poderão fazer parte da campanha com o suporte de vox-pop da população transmitindo, nas línguas locais, o objetivo desta campanha.”

Por ocasião do Dia da Paz e Reconciliação, o enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique, Mirko Manzoni, citou avanços desde a assinatura do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional em 2019. 

Manzoni indicou que 5.221 ex-combatentes da Renamo participaram em atividades de desarmamento e desmobilização e regressaram às comunidades distribuídas por todo o país.

Oportunidades de reintegração

Mais de 1,7 mil pessoas foram conectadas com oportunidades de reintegração e 32 Clubes de Paz foram estabelecidos. A campanha “A Paz é Nossa Cultura” já é uma realidade. A divulgação nas escolas é uma das prioridades com vista a transmitir para aos mais novos a necessidade do que é a paz e como a preservar. 

Orlando Dima é diretor da Escola Secundária Josina Machel e elogia a iniciativa. Ele acredita que através da música a mensagem sobre a paz poderá alcançar um público diversificado. A paz não é apenas o calar das armas.

“Mas a paz tem de existir no seio de todos nós, eles como alunos no dia a dia para que eles possam ter aulas dentro da harmonia é preciso estarem em paz, se não estiverem em paz, nós não temos condições de fato para que as aulas decorram dentro da normalidade. Para mim foi de fato um ganho para nós e complementa aquilo que ‘e nosso trabalho no dia a dia que nós sempre, primamos por termos uma educação que decorra dentro da harmonia da convivência social.” 

Diversidade,  união, tolerância e harmonia

Já o escritor e artista, Leco Nhkululeco, considera que a busca da paz é um esforço conjunto.

“A paz deve ser uma cultura, deve ser uma arte que deve ser buscada de forma incansável, por outra é preciso que haja paz para que haja amor, e preciso que haja paz para que o amor seja superado, é preciso que todos nós, do Rovuma ao Maputo, do Índico ao Zumbo lutemos para a manutenção da paz, sem a paz não há cultura e não há poesia.”

Stewart Sukuma ressalta a beleza de Moçambique, seus recursos e diversidade naturais. O ativista defende que os moçambicanos só poderão desfrutar da riqueza com paz efetiva.

“A paz total e completa vai permitir que o nosso foco seja direcionado para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de Moçambique, melhorando dessa forma a vida dos moçambicanos. Por essa razão e com orgulho que tenho a honra de apresentar-vos em colaboração com músicos e artistas de todo o país a música e o vídeo que transmitem esse sentimento. A diversidade, a união, a tolerância e a harmonia, mas acima de tudo o amor. Espero que vocês a recebam com a mesma emoção que eu tive quando escrevi esta canção: a paz e nossa cultura.”

O videoclipe foi gravado em vários pontos turísticos do país ressaltando a ligação das línguas nacionais e um refrão em língua portuguesa, o idioma oficial.

O objetivo da campanha “A Paz é Nossa Cultura” é agregar a arte, e a música ao serviço da paz, influenciando um debate sobre o tema em toda a sociedade moçambicana.

 

De Maputo para ONU News, Ouri Pota