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Insegurança no Mali impacta alimentação, saúde e educação das crianças

Quase um quarto da população do Mali sofre de insegurança alimentar moderada ou aguda
Unicef/Tiécoura N’Daou
Quase um quarto da população do Mali sofre de insegurança alimentar moderada ou aguda

Insegurança no Mali impacta alimentação, saúde e educação das crianças

Paz e segurança

Crise no país africano faz com que menores estejam sujeitos a subnutrição e epidemias; mais de 1,5 mil das 9 mil escolas não funcionam; Unicef afirma que crianças são vítimas em ataques e que insegurança aumentou com processo de saída da missão de paz da ONU.

As crianças continuam a pagar o preço mais elevado do agravamento da crise de segurança no Mali. Esse foi o destaque da mensagem do representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, no país africano.

Em conversa com jornalistas em Genebra, nesta terça-feira, Pierre Ngom disse que dezenas de pessoas foram mortas só neste mês no norte e no centro.

Caos para as crianças

Ngom ressalta que “os ataques contínuos criam o caos para as crianças”. 

Segundo o representante, a diminuição do acesso humanitário e o crescente deslocamento interno das populações estão alimentando “uma crise de subnutrição infantil, com 1 milhão de crianças com menos de cinco anos em risco, num contexto de ressurgimento da poliomielite e de uma epidemia de sarampo.”

Ele afirmou que grupos armados não-estatais reivindicaram uma série de ataques contra posições das Forças de Segurança do Mali nas regiões de Gao, bem como bombardeios recorrentes contra o aeroporto e postos militares avançados em Timbuktu.

Desde 8 de agosto de 2023, esses atores impõem um bloqueio à cidade de Timbuktu, cortando as principais rotas de abastecimento. No dia 7 de setembro de 2023, um ataque a um barco no eixo Gao-Timbuktu resultou na morte de pelo menos 24 crianças.

Saída da Minusma

A poucas semanas do início do ano letivo de 2023-2024, mais de 1,5 mil das 9 mil escolas não estão funcionais, em parte devido à insegurança. Ao todo, meio milhão de crianças são afetadas.

Segundo o representante do Unicef, “o aumento da insegurança foi ainda mais amplificado pela saída em curso da Minusma.”

Para ele, “os investimentos na paz e na segurança devem andar de mãos dadas com a presença de todas as crianças na escola e na aprendizagem, totalmente vacinadas, protegidas de violações graves e livres da desnutrição.”